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EPIDEMIA
Na Ásia, combate a mosquito piora dengue hemorrágica
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo sobre a epidemia de dengue da Tailândia
terminou com uma conclusão inusitada: se o combate
ao mosquito Aedes aegypti
não for de alta eficácia, seu
efeito pode ser aumento, ao
invés de redução, no número
de casos da versão hemorrágica da doença, mais letal.
Segundo o trabalho, publicado ontem na revista "PLoS
Negleted Tropical Diseases",
o efeito inesperado ocorre
por causa das propriedades
únicas do vírus. A dengue
hemorrágica ocorre quando
uma pessoa se contamina
com o patógeno pela segunda vez. Porém, quando a pessoa se infecta pela primeira
vez, após contrair a dengue
comum ela permanece imune ao vírus que contraiu -e
aos outros subtipos do patógeno- por algum tempo.
Uma redução parcial na
população de mosquito, por
isso, pode ter favorecido um
maior número de casos da
variante hemorrágica da
doença na Tailândia, explicam os autores do estudo, liderado por Clive Davies, da
Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
"É um achado consistente,
mas não podemos transferir
a realidade da Tailândia automaticamente para o Brasil", diz Roberto Medronho,
sanitarista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro). "Nós temos uma
dinâmica de transmissão diferente. Não temos presença
intensa de todos os sorotipos
do vírus, e não temos o tipo
4. Além disso, como na Tailândia a infecção é mais intensa, quase todos os adultos
já tiveram infecção e podem
estar imunizados."
Segundo Medronho, a pesquisa na "PLoS" também
não deve ser vista como indicador de que a erradicação
do mosquito não deva ser
perseguida. Mas é preciso,
diz, pesquisar qual é o efeito
do combate ineficaz ao Aedes
no Brasil.
(RAFAEL GARCIA)
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