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Ciência em Dia
Um portal para a pesquisa brasileira - 2
Marcelo Leite
editor de Ciência
Na semana passada defendi aqui que
um portal na internet dedicado à
ciência brasileira, de amplo alcance,
prestaria um serviço ao país, ajudando a
entranhar mais na cultura valores e procedimentos da pesquisa experimental e
da reflexão sobre eles que só as ciências
humanas podem proporcionar. Recebi
dezenas de reações de leitores, a maioria
apoiando a idéia, mas muitos deles dizendo que tais portais -ou embriões
seus- já existiriam. Vários.
Várias mensagens mencionaram a
SciELO, ou Scientific Electronic Library
Online (Biblioteca Científica Eletrônica
On-Line, www.scielo.br). Apesar do nome em inglês, como tudo neste país que
quer ou precisa parecer moderno, é iniciativa nacional -tem até uma versão da
página em português. Ela dá acesso a 92
periódicos científicos do Brasil, de "Acta
Botanica Brasilica" a "Scientia Agricola",
muitos deles publicados no esperanto da
comunidade científica internacional -o
inglês, claro.
A biblioteca e seu sítio na internet são o
resultado de um projeto de pesquisa da
Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), em parceria
com a Bireme-Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em
Ciências da Saúde, com o apoio do CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
É recurso da maior importância, não
resta dúvida, só que para uso dos próprios pesquisadores. Pode-se até imaginar que alunos bem-dotados do nível secundário possam encontrar material de
valia para seus trabalhos escolares entre
os artigos especializados ali disponíveis,
mas é pouco provável. Não era o que tinha em mente quando falei num portal.
Outros sítios defendidos por leitores
foram os das revistas de divulgação científica "Ciência Hoje" (www.uol.com.br/cienciahoje) e "Pesquisa Fapesp" (http://revistapesquisa.fapesp.br). Esses dois casos já estão mais próximos da abrangência de temas e de serviços que a coluna da semana passada propunha. De todo modo, mesmo conhecendo apenas
superficialmente os dois sítios, arriscaria
dizer que ambos padecem das mesmas
mazelas de todo jornalismo de ciência no
Brasil, sobretudo a dificuldade de ter notícia de todas as pesquisas relevantes ou dignas de divulgação em curso no Brasil
-embora as revistas contem com duas
poderosas redes de informação em sua
retaguarda, respectivamente a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência) e a Fapesp.
Por fim, os leitores lembraram o Prossiga (www.prossiga.br), do Ministério
da Ciência e Tecnologia, este sim o que
mais se aproxima de um portal, pela variedade de acessos e serviços que reúne.
A navegação pelo sítio criado em 1995,
no entanto, é no mínimo desanimadora,
para quem não está familiarizado com
ele -uma contradição em termos, no
caso da internet. Tente achar na página
do Prossiga, por exemplo, como se pode
ter acesso à ferramenta Plataforma Lattes (lattes.cnpq.br), que pode ser muito
útil para encontrar especialistas e informações atualizadas sobre seus trabalhos
(quanto a conseguir contato e obter uma
resposta, isso são sempre outros 500, no
caso de cientistas brasileiros).
Na realidade, quando escrevi a coluna
tinha em mente um exemplo americano,
o EurekAlert (www.eurekalert.org),
mantido pela AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência, a SBPC
dos EUA), que também publica a revista
"Science", e um europeu, o do portal Alpha Galileo (www.alphagalileo.org). Este, ao menos, tem até versão em português -mas nada tem de brasileiro.
E-mail: cienciaemdia@uol.com.br
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