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RIO +10
Documento assinado por Suécia, Brasil e África do Sul pede presença de chefes de governo e Estado do G-8 em Johannesburgo
Carta invoca participação de países ricos
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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FHC passa bandeja a Thabo Mbeki, da África do Sul, representando a mudança de sede da cúpula |
CLAUDIO ANGELO
LEILA SUWWAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
O presidente da África do Sul,
Thabo Mbeki, viajou ontem para
o Canadá levando uma carta que
pede aos líderes do G-8 (grupo
dos oito países mais ricos) que
compareçam à Rio +10, conferência da ONU sobre ambiente e desenvolvimento sustentável que
acontece em seu país a partir do
dia 26 de agosto.
A carta, assinada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso,
pelo primeiro-ministro sueco,
Göran Persson, e pelo próprio
Mbeki, foi produzida durante o
seminário Rio +10 Brasil, encerrado ontem com a passagem da "tocha" da Eco-92 -representada
por um prato de madeira amazônica certificada- para a Rio +10.
O conteúdo da mensagem só será divulgado no encontro do G-8.
Mas ela deverá falar aos países ricos em termos mais genéricos do
que os ambientalistas gostariam,
para não afastar os americanos.
"Se você radicalizar, está dando
aos americanos um pretexto para
não ir a Johannesburgo. A ausência dos americanos condena a
conferência ao fracasso", disse o
assessor especial da Presidência
para a Rio +10, Fábio Feldmann,
lembrando que a presença do
presidente George Bush (pai) foi
crucial para a Eco-92.
Alguns pontos sensíveis da discussão com os EUA são os subsídios agrícolas e a mudança climática. Em maio, Bush anunciou o
aumento do subsídio agrícola no
país, o que prejudica as exportações dos países pobres -e o acesso aos mercados é considerado vital para o combate à pobreza. Em
2001, retirou-se do Protocolo de
Kyoto, alegando que as metas do
acordo para o combate ao efeito
estufa prejudicariam a economia.
Apesar da prevista suavização
do diálogo com o G-8, o diretor-executivo do Pnuma (Programa
das Nações Unidas para o Ambiente), Klaus Töpfer, disse que a
reunião foi importante para elevar o nível político do debate. "Ele
mostrou que estes três chefes de
Estado estão preocupados."
Durante uma entrevista coletiva
após a transferência da sede da
Cúpula da Terra do Rio para Johannesburgo, FHC ressaltou a
participação brasileira.
"O Brasil vai ter uma posição
destacada nesta matéria. O presidente Mbeki está indo lá para o
Canadá e vai se encontrar com o
G-8. Ele vai levar uma carta nossa
e eu vou estar falando pelo telefone com esses líderes do mundo
todo para que nós possamos efetivamente dar um passo adiante
em Johannesburgo."
Em discurso durante a cerimônia de transferência, FHC disse
que a Rio +10 deve representar
um sinal de que a "comunidade
internacional é capaz de mobilizar a vontade política para decisões difíceis, mas necessárias".
"A hora é agora. A hora é esta",
disse. "Hoje, os desafios são tão
importantes como aqueles que se
impunham há dez anos, entre os
quais avançar na luta contra a pobreza, reforçar a proteção das florestas e assegurar uma resposta
solidária e mais eficaz aos problemas da globalização assimétrica."
Para o canadense Maurice
Strong, organizador das duas
conferências ambientais da ONU
(a de Estocolmo, em 1972, e a do
Rio, em 1992), o encontro serviu
para dar a liderança necessária à
cúpula de Johannesburgo, ameaçada de fracassar pela falta de participação de chefes de Estado.
"Estou mais otimista. Neste
ponto crítico, o que precisamos é
de liderança. O presidente Cardoso mostrou liderança trazendo os
chefes de Estado da Suécia e da
África do Sul", disse Strong.
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