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EUA devem voltar ao debate ambiental
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A mudança de postura dos Estados Unidos com relação a questões ambientais, como o Protocolo de Kyoto, é uma questão de
tempo, na opinião do presidente
do WRI (World Resources Institute), Jonathan Lash.
O WRI é uma das mais importantes ONGs dos Estados Unidos,
com sede em Washington, e atua
há mais de duas décadas no setor.
De 1993 a 1999, Lash participou
do Conselho de Desenvolvimento
Sustentável da Presidência dos
Estados Unidos, sob a administração de Bill Clinton.
Para ele, há uma dicotomia entre o que quer a sociedade norte-americana e a postura atualmente
adotada por seu governo.
Ele até arrisca dizer que as mudanças na política ambiental do
país mais rico do mundo acontecerão quando as eleições presidenciais estiverem se aproximando, em 2004.
"É muito claro que a realidade
política de Washington está totalmente desafinada com as percepções do país em relação aos assuntos ambientais. Em todo o
país, vemos pessoas preocupadas
com questões como as mudanças
climáticas, mas, por enquanto, há
uma completa imobilidade da Casa Branca, que se nega a lidar com
o assunto", afirma Lash, que esteve no Rio de Janeiro participando
do encontro Rio +10 Brasil.
Segundo o ambientalista, quando há esse tipo de dicotomia, as
coisas mudam muito rápido nos
Estados Unidos: "Agora, [o presidente George W.] Bush é muito
popular. Mas quando as eleições
se aproximarem, acho que o conflito sobre ambiente vai aflorar e
essa situação pode acabar mudando rapidamente".
Por essa razão, Lash chamou a
atenção dos participantes do encontro no Rio para a necessidade
de deixar o terreno preparado para que os Estados Unidos sejam
incluídos nos acordos do Protocolo de Kyoto, que estipula que os
países ricos devem reduzir em
5,2% (em média, com relação aos
níveis de 1990) suas emissões de
gás carbônico (CO2), o principal
agente causador do aquecimento
global, até 2012.
O presidente Bush abandonou o
tratado em março de 2001, dizendo que suas metas eram prejudiciais à economia do país.
"É preciso criar um sistema flexível o suficiente para permitir
que os Estados Unidos façam a parte deles, a partir do momento em que a política ambiental mudar e o país começar a demonstrar progresso nessa área. Acho
importante que os países que ratificarem o protocolo não se movam numa direção que torne difícil a negociação com os Estados Unidos mais tarde", diz Lash.
Metas
O ambientalista, que preside uma ONG com experiência em pesquisa ambiental, diz concordar com a proposta do governo brasileiro de sair de Johannesburgo, onde acontecerá neste ano a Conferência Mundial Rio +10, com metas claras e estabelecidas a serem atingidas.
"Não devemos esperar que os países cumpram sua obrigação se não houver metas e prazos. Acho muito importante ter essas metas. Acho que essa proposta será
aprovada. Em Bali [Indonésia, onde foi realizada a reunião preparatória para Johannesburgo], as únicas objeções ao sistema de metas vieram dos EUA."
Para Lash, todos os países precisam melhorar suas estatísticas sobre ambiente. "Esse esforço começou há apenas 20 anos, mas estamos progredindo", diz.
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