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Produtividade de CO2 tem de subir 8 vezes
Segundo consultoria, mitigar clima da Terra custará até 1,4% do PIB global em 2030; florestas são "vitais" para esforço
Se PIB por tonelada emitida
não subir de US$ 740 para
US$ 7.300, seria preciso em
2050 optar entre dirigir 40
km e fazer duas refeições
AFRA BALAZINA
ENVIADA ESPECIAL A TÓQUIO
Se o mundo quiser evitar um
desastre climático e ao mesmo
tempo manter o crescimento
econômico, precisará aumentar em oito vezes a quantidade
de dólares gerados na economia por tonelada de gás carbônico queimado. A conclusão é
de um relatório elaborado por
uma consultoria internacional
e divulgado ontem no Japão.
A má notícia da análise, feita
pelo McKinsey Global Institute, é que a última vez que o
mundo viu uma mudança de
produtividade dessa magnitude foi na Revolução Industrial
-e ela levou 125 anos, tempo de
que a humanidade não dispõe.
A boa notícia é que o custo
dessa mudança até 2030 será
de no máximo 1,4% do PIB
(Produto Interno Bruto) mundial, menos ainda do que os
quase 3% estimados pelo IPCC,
o painel do clima da ONU.
A chamada "produtividade
de carbono" média da economia global é hoje de US$ 740 de
PIB por tonelada de CO2emitido. Se todo mundo tivesse de limitar emissões como o clima
demanda e viver com essa produtividade, um cidadão teria de
escolher entre dirigir 40 km,
usar ar-condicionado por um
dia ou fazer duas refeições.
Para que isso não aconteça,
em 2050, o valor precisará alcançar US$ 7.300 de PIB por
tonelada de CO2. A Noruega é o
país mais próximo da meta,
com US$ 4.700 de PIB por tonelada de CO2. O Japão tem
US$ 3.000; os EUA, US$ 2.000,
e a China, US$ 1.200.
Segundo Eric Beinhocker, da
McKinsey e co-autor do relatório, 70% do abatimento de
emissões de CO2 pode ser feito
com tecnologias existentes hoje em dia. A conclusão, ao mesmo tempo em que reforça a
mensagem do IPCC, desfaz o
mito -propagado pelo atual
governo americano- de que só
será possível enfrentar as mudanças climáticas com uma
"revolução tecnológica".
O próximo passo da empresa
será fazer relatórios de oportunidade de redução de emissão
para alguns países isoladamente -entre eles, a Índia.
Mas, nesse primeiro relatório, de âmbito geral, a consultoria aponta diversas maneiras
de reduzir emissões e ganhar
eficiência simultaneamente.
Uma das sugestões é o uso do
biocombustível da cana-de-açúcar -que teria, segundo a
McKinsey, um custo negativo
para a sociedade. Seria como
obter um ganho econômico em
resposta à economia de energia, assim como o uso de lâmpadas mais eficientes.
Outras chamadas "oportunidades de abatimento" (ou de
mitigação) indicadas -essas
com custo positivo, de até 40
por tonelada de CO2 cortada -
são aumentar a eficiência de
aviões, investir em energia nuclear e reformar termelétricas.
O documento diz, ainda, que
nenhuma ação isolada no setor
energético conseguirá atingir
todo o potencial de redução de
emissões. É preciso investir em
energia solar, eólica e em alterar uso do carvão para gás.
Outro dado do estudo deveria ser encarado como uma
oportunidade para o Brasil: segundo a McKinsey, o desmatamento evitado, sozinho, responde por 12% do potencial global de redução de emissões.
se o reflorestamento é somado,
dá 25% do total mundial.
Florestas "vitais"
A consultoria afirma que o
sucesso na conservação é "vital" para atingir as metas de redução de emissões no mundo.
Sem o setor florestal, o custo de
medidas de redução substitutas aumentaria de 40 para
60 por tonelada de CO2. "Infelizmente, não existe hoje um
esquema para reduzir emissões
do desmatamento e da degradação da floresta", diz o texto.
A consultoria pondera que
um desafio nesse ponto é que
muitos países em desenvolvimento ricos em floresta não
possuem ferramentas eficientes de administração, monitoramento, esquemas de reflorestamento e de ataque à derrubada de mata ilegal. O relatório não cita nomes.
O estudo foi apresentado por
Beinhocker no fórum de parlamentares do G8+5 (os oito países mais ricos e os cinco grandes emergentes, entre eles o Brasil), realizado em Tóquio.
Segundo o relatório, o custo
macroeconômico da "revolução do carbono" é "gerenciável" -da ordem de 0,6% a 1,4%
do PIB global em 2030. Para
Beinhocker, o investimento
pode ser visto como uma "apólice de seguro" para o mundo.
A repórter viajou a convite do Banco Mundial
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