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HIV resistente a droga pode se esconder
Estudo nos EUA mostra que vírus menos suscetível a tratamento com anti-retrovirais está em 10% dos soropositivos
Após início de terapia, baixa população do supervírus em uma pessoa pode aumentar e fazer remédio falhar, diz centro de pesquisa dos EUA
DA REDAÇÃO
Um estudo realizado com
500 soropositivos recém-diagnosticados nos EUA e no Canadá mostrou que 10% deles estão
infectados com ao menos uma
variante de HIV resistente a
drogas. A resistência, antes, era
observada apenas após o tratamento anti-retroviral, mas agora os vírus que ganharam imunidade a medicamentos como o
Efavirenz já estão se disseminando por conta própria, à medida que a epidemia progride
com o tempo.
O novo trabalho, publicado
na revista "PLoS Medicine", foi
uma colaboração entre os CDC
(Centros para Controle de
Doenças, dos EUA), a Agência
de Saúde Pública do Canadá e
empresa farmacêutica multinacional GlaxoSmithKline. Um
portador de HIV resistente ainda pode se beneficiar de tratamento, porque os médicos podem procurar um medicamento alternativo.
O problema é que os vírus resistentes podem estar passando despercebido em muitos casos. Ao entrar em um organismo não infectado, eles tendem
a reduzir as populações indetectáveis, mas que podem causar problemas no futuro, quando a pessoa começa a se submeter aos anti-retrovirais.
"A ausência de pressão seletiva associada à droga em pessoas que nunca receberam tratamento pode fazer os vírus resistentes caírem até níveis indetectáveis", escrevem os pesquisadores, liderados por Walid Heneine, dos CDC. Os testes
mais convencionais, diz, não
dão conta de identificar essas
populações do patógeno.
"Nós usamos testes simples e
sensíveis para investigar a evidência de transmissão da resistência a droga", dizem os médicos. "Os dados sugerem que
uma proporção considerável da
transmissão da resistência ao
HIV-1 não é detectada por genotipagem convencional [teste
da genética do vírus] e mutações minoritárias podem ter
conseqüências clínicas."
Ao longo da pesquisa dos
CDC, o tratamento com Efavirenz falhou em 7% dos pacientes que tinham níveis baixos de
HIV resistente. Para aqueles
que não carregavam o "supervírus", porém, só houve 1% de
fracasso na terapia.
Avanço preocupante
Para o infectologista Steeven
Deeks, da Universidade da Califórnia em San Francisco, esse
problema não se estende, ainda, a uma parcela significativa
dos soropositivos, mas é uma
"descoberta preocupante".
"Apesar da alta taxa de evolução viral, o HIV mostrou ser
surpreendentemente fácil de
suprimir com terapia anti-retroviral combinada nas regiões
do mundo em que o tratamento
está disponível", escreve em comentário na "PLoS" independente do estudo do CDC. "Uma
vez que agora existem mais de
20 drogas anti-retrovirais, entre seis classes únicas, mesmo
que um regime falhe, outros em
geral estão prontamente à disposição."
Na opinião do especialista,
ainda é preciso fazer monitoramentos com maior amplitude
para saber o grau de ameaça
que os vírus resistentes oferecem à estratégia dos coquetéis
de medicamentos anti-HIV como um todo. Os novos dados,
porém, indicam que deve haver
algum impacto. "A presença em
baixa freqüência de mutações
de resistência a drogas tinha
um poder de predição independente sobre o fracasso posterior", diz Deeks.
Apesar de saberem que o
problema é relevante, porém,
os pesquisadores ainda não sabem se será viável fazer uma
triagem para vírus resistente
em todos os pacientes no futuro. A técnica de genotipagem
usada pelos pesquisadores ainda é cara e trabalhosa, e outras
medidas de saúde pública podem compensar mais o gasto,
afirmam os médicos.
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