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Estudo vê áreas da esquizofrenia no DNA
Dois trabalhos independentes apontam três novas regiões do genoma relacionadas ao mal psiquiátrico
DA REDAÇÃO
Dois grupos de cientistas publicam hoje estudos em que
apontam regiões do DNA humano relacionadas ao risco para esquizofrenia. A descoberta
saiu do maior levantamento genético já feito para investigar a
doença. As duas pesquisas juntas envolveram mais de 8.000
pacientes esquizofrênicos
comparados a 44 mil pessoas
sem o problema psiquiátrico.
Um dos trabalhos, liderado
por Pamela Sklar, do Hospital
Geral de Massachusetts (EUA),
confirmou uma tendência observada em estudos menores,
indicando que as mudanças
que causam propensão à esquizofrenia tendem a não se agrupar muito em genes específicos, e sim se espalhar em partes
grandes do genoma, com genes
"repetidos" ou "apagados".
O trabalho de Sklar sai hoje
na revista "Nature" ao lado de
outro estudo, liderado pela empresa islandesa Decode Genetics. Juntos, os estudos descrevem quatro partes do DNA que,
quando "deletados", aumentam o risco para esquizofrenia,
uma doença parcialmente genética. Uma delas já era conhecida, mas não confirmada.
Essas mutações são raras, dizem os pesquisadores, e respondem por uma parte pequena dos casos de esquizofrenia,
mas os portadores dessas alterações acabam tendo o risco de
contrair a doença bastante elevado. Uma delas aumenta aproximadamente de 1% para 12% o
risco de uma pessoa se tornar
esquizofrênica. Essas alterações surgem espontaneamente, dizem os pesquisadores,
mas em geral não são transmitidas por muitas gerações.
"Essas descobertas são importantes porque elas jogam
luz sobre as causas [da doença]
e fornecem o primeiro componente de um teste molecular
para ajudar o diagnóstico e a intervenção clínica", afirma Kari
Stefansson, da Decode.
Hoje a esquizofrenia é diagnosticada por sintomas que incluem alucinações, pensamento confuso e emoções distorcidas. Segundo Camila Guindalini, geneticista da Unifesp que
estuda males psiquiátricos, os
novos estudos apontam "alvos
de interesse" para uma possível
descoberta de novos "genes
candidatos" a serem estudados.
Conhecer com mais precisão os
genes implicados na doença
pode ajudar na pesquisa de medicamentos mais precisos, afirma a cientista.
(RAFAEL GARCIA)
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