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Crítica Restaurante Movimento atrapalha casa nos Jardins Criativa, cozinha do 00 São Paulo é irregular, o que pode mudar com chegada dos novos chefs
CRÍTICO DA FOLHA O material de divulgação do 00 São Paulo refere-se à casa como um restaurante-bar-lounge e dá ênfase ao aspecto gastronômico. A mistura de tantas funções sempre traz o risco de que alguma saia prejudicada. Neste caso, o bar funciona bem. A gastronomia é que sofre. A casa fica no coração dos Jardins, distribuída em dois andares decorados com cimento queimado, luz de velas, bastante vidro e gostosos recantos a céu aberto. Inaugurado no final do ano passado, o restaurante é a filial paulistana de uma casa aberta no Rio em 2000. Seus proprietários, ambos cariocas, são escolados na noite. Arnaldo de Merian, 46, é organizador do Rio Music Conference; Eduardo (Du) Serena, 31, é o idealizador do Festival Tribe, ambos eventos de música eletrônica. O cardápio, que é bem abreviado, procura expor receitas contemporâneas, não necessariamente de bar -a não ser pela oferta maior de petiscos (como lulas fritas e bolinhos de peixe) e sanduíches que de pratos. Apesar de boas ideias, a cozinha é bem irregular. Nas entradas, é mais difícil errar em fórmulas simples como a salada verde com pera confitada, gorgonzola, noz-pecan e molho de vinagre balsâmico. Mas em outra, também relativamente simples -uma salada feita com vinagrete de frutos do mar, folhas verdes e crostatinhas de queijo- tudo pode estar ruim, a começar pelo ponto dos crustáceos, com jeito de congelados. VOCAÇÃO PARA BAR Tudo dá meio errado também em pratos mais elaborados: é uma pena que o lombo de cordeiro marinado em pesto de tomilho esteja tão passado que não se sinta mais nem os temperos (ele é servido com varenikes, massa recheada de batatas e cebolas douradas, que também deixam a desejar). Mas nem tudo é tragédia -o atum em crosta de gergelim, embora longe de ser original, é anunciado como semigrelhado e cumpre a promessa do ponto, cru por dentro. Chega à mesa acompanhado de molho teriaki e saladinha de folhas verdes. Também se sai bem o confit de pato ao vinho do Porto com fettuccine de pupunha ao triplo burro: prato interessante e bem-acabado. O problema é pedir depois, como sobremesa, a tapioca brulé com frutas amarelas: a espessa massa e a grossa crosta que a recobre não lembram em nada a delicadeza associada aos "crèmes brûlée". A se notar que acabam de assumir novos chefs de cozinha (o paulistano Rodrigo Francisco, 25, e o argentino Christian Diego Civitale, 37), o que pode anunciar mudanças. E também que os melhores pratos foram servidos em dia de pouco movimento, e os piores, com a casa bombando -talvez, sinal de que a gastronomia possa estar sofrendo diante da vocação para bar do 00 São Paulo. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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