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Crítica Livro Em tom literário, autor dos EUA conta a história do hambúrguer LUIZA FECAROTTADE SÃO PAULO Por definição, o verdadeiro hambúrguer é um bolinho achatado de carne moída, frito ou grelhado e servido em um pão redondo. É o que diz o norte-americano Andrew F. Smith em seu recém-lançado livro no Brasil, "Hambúrguer - Uma História Global" (ed. Senac). E Smith sabe das coisas. É professor de história da culinária em Nova York e já publicou 19 livros -nos quais já explorou o ketchup, o tomate, a batata, por exemplo. Agora, o autor se debruça sobre um dos ícones da cozinha dos Estados Unidos: o hambúrguer. Em texto leve, que combina jornalismo e história em um tom literário, Smith recupera episódios dos séculos passados para traçar a trajetória dessa receita que saiu de Hamburgo e foi para os Estados Unidos, levada pelos emigrantes alemães. Foi nos EUA, aliás, que o bolinho achatado de carne moída foi "ensanduichado". Isso na segunda metade do século 19, quando o país viveu o processo de industrialização, e os operários não tinham onde comer durante a jornada de trabalho. Daí surgem os carrinhos de comida nas redondezas das fábricas, em torno das cidades. Depois de serem incrementados com grelhas a gás, os carrinhos incluíram no "cardápio" o hambúrguer. E assim o bolinho de carne ganhou o amparo de duas fatias de pães, para que fosse degustado em pé, sem prato nem talheres. GLOBALIZAÇÃO Smith também mostra como a versão norte-americana do hambúrguer chegou à Europa: pelas mãos dos militares dos EUA, no decorrer da Primeira Guerra Mundial. Aquilo que representava para os soldados uma "comida de conforto" era ainda rápido e fácil de preparar, de consumo simples e barato -ideal para a força militar. E então passeia pelo nascimento das redes de fast food, em especial do McDonald's -a mais importante surgida no pós-guerra, que imprimiu um modelo de serviço rápido rigorosamente reproduzido. Esparrama-se um tanto nesse "capítulo" -e torna a leitura meio cansativa- ao retomar a implantação de várias redes e se prender aos mínimos detalhes -nomes, datas, lugares. Mas traz graça ao livro quando busca na história informações sobre as batatas fritas -feitas em maior segurança depois dos anos 1950, com o surgimento das fritadeiras comerciais mais modernas- e sobre os milk-shakes -que, nos anos 1930, já eram produzidos em série. Smith costura seu relato ao explicar como as redes de fast food se espalharam pelo mundo, nos anos 1970, e promoveram o que ficou conhecido como um processo de "padronização do sabor". Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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