São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2011 |
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A GOURMET Tendências gastronômicas mundo afora ALEXANDRA FORBES
Paixonite ibérica
A UMA "estrangeira" como eu, o Rio parece pitorescamente português. Lá sempre abundaram os adegões e quetais, servindo bacalhau em bolinhos ou nas receitas clássicas. No Leblon nasceu o fenômeno Antiquarius. Gloriosa história de sucesso de imigrantes lusos, hoje apenas um vaga-lume de fôlego evanescente, cuja filial paulistana um tanto apagada não faz jus à matriz, também já na curva descrescente. Pois chegou a São Paulo, finalmente, o "portufilismo" -só que em versão muito atualizada. Iria além: vivemos uma paixonite ibérica. Surgem não só novos "portugas" como espanhóis transados e outros que misturam as duas vertentes ao traduzi-las para o gosto local -quase todos casuais (aqui, como no mundo todo, os menus rígidos e o salão formal vão caindo de moda). Muito já se falou da chegada do Vítor Sobral -famoso na terrinha- e de sua falsa tasca nos Jardins, a Tasca da Esquina: bem simpática e boa, porém bem carinha também, ao contrário das autênticas. Embora ainda entorpecido pela aura dourada da calorosa acolhida, o chef "tuga" logo verá que a concorrência não está fácil: as boas tascas multiplicam-se. Destacam-se, no mar de opções, a pioneira Adega Santiago, de Ipe Moraes, e sua nova Taberna 474, com pegada ainda mais portuguesa, e a Tasca do Zé e da Maria, em Pinheiros. Se a cozinha "tuga" revisitada avança a passo rápido por aqui, diria o mesmo da espanhola. Por décadas, a Espanha em São Paulo resumia-se à caretice do Don Curro. Hoje a cena é outra. Temos desde os modernos Clos de Tapas e Eñe até vários bares de tapas ou pintxos, como o Maripili, em Santo Amaro, e o Donostia, em Pinheiros. Abrirá em breve na Oscar Freire o Alma María, de dono e chef espanhóis. E teremos, logo mais, filial paulistana do Venga!, botequinho de tapas no Leblon que tomou o Rio de assalto, lotado desde o primeiro dia, já com outro endereço em Ipanema. Curioso: tardiamente, caímos de amores pelas comidinhas das terras onde tantos de nós temos raízes. ALEXANDRA FORBES, jornalista gastronômica e foodtrotter, conta de suas andanças e comilanças também no Twitter (@aleforbes) Texto Anterior: Picadinho: Quem come o quê e outros petiscos Próximo Texto: Fogo Alto - André Mifano: A primeira vez com as pimentas Índice | Comunicar Erros |
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