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DEMOLIÇÃO
Dormente se transforma em batente de porta, janela faz a vez de biombo, e gradil aparece como tampo de mesa
Materiais "reencarnam" com nova função
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A melhor maneira de valorizar
o "tesouro" encontrado no depósito de material de demolição é
achar uma utilização diferente daquela que a peça tinha antes de vir
abaixo. "É preciso saber inovar.
Esse é o ponto forte da decoração
feita com esse tipo de material",
explica o arquiteto Léo Shehtman.
No processo, vale tudo. Banheiras viram fontes de jardim, janelas
passam a ser usadas como biombos, dormentes de linha de trem
se transformam em batentes de
portas e janelas, gradis aparecem
como belos tampos de mesas.
São inúmeras as possibilidades
de adaptação. "A imaginação é o
limite. Dispondo de bons profissionais de marcenaria e serralheria, é possível adaptar os objetos
de acordo com o ambiente sem
descaracterizá-los", explica a arquiteta Carolina Albuquerque, 28.
Outra dica para produzir uma
releitura é utilizar itens de demolição como matéria-prima para
idéias novas. Um exemplo clássico é a utilização de ripas de pinho-de-riga na construção de móveis,
lambris, bancadas de bar, molduras de lareira, "borders" de mesa,
assoalhos e até cabeceira de cama.
"Os tijolos também são uma
matéria-prima que imprime estilo à decoração. Antes cobertos pelo reboco, tinham apenas a função estrutural. Agora ficam à vista, em paredes de ambientes nobres, como a sala de jantar e a de
visitas", lembra Albuquerque.
História
Tão importante quanto saber
escolher é conhecer os cuidados
com a manutenção das peças.
Isso evita futuros problemas e,
muitas vezes, é o que mantém o
aspecto original dos objetos.
A maioria dos depósitos vende
o material já pronto para ser utilizado. Quando isso não acontece,
o correto é recorrer a oficinas especializadas em restauração.
"É fundamental não descaracterizar as peças. Sinais como buracos de pregos na madeira, por
exemplo, devem ser mantidos.
Tudo que é visual não deve ser
transformado, apenas o que representar um risco de manutenção para o material. É interessante
ficar evidente a origem e o tempo
das peças", conta a arquiteta Ana
Maria Vieira Santos.
Para o também arquiteto Gil
Carvalho, 47, "o bacana é tirar
partido da história desses elementos e mostrar que são peças de demolição, exclusivas e originais".
Preço
Mas toda essa história tem um
preço, que pode variar de R$ 30 a
R$ 15 mil por artigo, com chance
de extrapolar esse limite, dependendo da procedência do objeto.
O valor é calculado de acordo
com a época, o lugar, o tipo de arquitetura e as pessoas que habitaram a construção original.
"Tudo tem um contexto. Quando adquirimos os materiais, sabemos exatamente onde, quando e
como foram utilizados. Muitas
vezes, a história de vida de uma
família é o que determina o preço
final do produto", explica Iracema Rodrigues Arcanjo dos Santos, 59, proprietária de O Velhão,
um dos maiores depósitos de "antiguidades" de São Paulo.
"Essas peças agregam cultura,
conhecimento e fragmentos da
história. Isso valoriza a decoração
com material de demolição", define a arquiteta Bya Barros, 41.
Apesar da importância do passado, muitos arquitetos e decoradores chegam a um depósito estimulados muito mais por fatores
econômicos do que históricos.
"Em geral, as peças são mais baratas, mas pode acontecer de uma
ou outra ter um preço mais elevado, em função de sua procedência", ensina o arquiteto e paisagista Alex Hanazaki, 27.
(IL)
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