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FEHAB
Estrela da feira, a "Smart Home" tem madeira de reflorestamento na estrutura e sistema que reutiliza água de chuva e de esgoto
Projetos perseguem a correção ambiental
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Alguns expositores da 19ª Fehab ouviram os gritos de socorro
da Terra e apresentam projetos
que levam o carimbo de "ecologicamente corretos". O exemplo
mais reluzente é a "Smart Home",
uma das casas à mostra na cidade
tecnológica montada no pavilhão
azul do Expo Center Norte.
O modelo utiliza madeira de reflorestamento na estrutura e é auto-sustentável nas partes energética e hidráulica, pois conta com
sistemas de reaproveitamento de
água pluvial e até de esgoto.
"É uma construção que não
agride o ambiente, não interfere
no solo, tem preço compatível e
melhor prazo de entrega, sem
comprometer a qualidade", diz o
engenheiro Luiz Alexandre Mucerino, 46, da Ecoplano.
Uma casa de 100 m2 com todos
os itens da "Smart Home" custaria cerca de R$ 1.000 por m² e seria
entregue em 120 dias, segundo a
Ecoplano e a DP Engenharia, empresas envolvidas no projeto.
Outros itens presentes no modelo são o sistema de abastecimento hidráulico flexível Pex (polietileno reticulado) e o isolamento térmico e acústico com lã mineral nas paredes, além de telhado com impermeabilização.
Todos os materiais visam melhorar a qualidade da casa e facilitar a manutenção. A principal
vantagem do Pex, por exemplo, é
poder trocar os tubos sem quebrar a parede.
A tecnologia é mais usada por
construtoras em edifícios, comerciais ou residenciais, e ainda não
ganhou a casa das pessoas, de
acordo com o engenheiro Ari Lopes Sardim, 37, da Sanhidrel, empresa especializada em instalações. "Para casas, normalmente
utiliza-se a combinação de PVC
para água fria e cobre para água
quente. Em relação ao PVC, o Pex
ainda sai mais caro", completa.
Água e esgoto
Uma das vedetes da casa é o sistema de captação e reaproveitamento de água pluvial.
Ele é composto de coletor, filtro
e reservatório térreo ou enterrado. Com uma bomba, a água filtrada destina-se ao consumo não-potável, como irrigação de jardim, limpeza geral e descarga.
Segundo dados da Intecon Engenharia, responsável pelo sistema na feira, o valor do filtro fica
em R$ 1.500, com instalação e sem
reservatórios e bombas.
Na prática, sistemas como esse
já são bastante utilizados. "Sempre que posso, coloco nos projetos que executo. O consumo de
água é reduzido em 35%, e o valor
gasto, pago em dois ou três anos",
completa o engenheiro civil José
Roberto Peres.
O professor da Poli-USP (Escola
Politécnica da Universidade de
São Paulo) Racine Prado, 48,
coordena ainda um estudo sobre
a qualidade da água obtida pela
chuva. "Acho a iniciativa de reutilização válida, mas é preciso saber
para quais usos essa água pode ser
liberada. Vamos avaliar a quantidade de coliformes fecais, de gases e o PH, entre outros itens."
O reaproveitamento de água
também vai ser demonstrado no
sistema de tratamento do esgoto.
Por ele, os dejetos passam por filtros, decantação e desinfecção.
Assim, a água sai 95% limpa para
uso não-potável, segundo a Mizumo, que o fabrica.
"A solução exposta na feira é para uma casa com seis pessoas e
custa R$ 4.200", conta Evandro
Brás Calderoni, 31, gerente comercial da empresa.
O recurso ainda não é tão facilmente encontrado nas residências por causa do alto custo, de
acordo com os profissionais consultados. "O sistema é eficiente,
mas o custo é elevado, fora a manutenção. Com as contas, os
clientes não colocam", diz Peres.
Estrutura
Para pôr a casa de pé em pouco
tempo e sem desperdícios, os engenheiros optaram pelo sistema
"wood frame" (quadro de madeira, em inglês). São perfis dispostos a cada 40 cm ou 60 cm que formam uma rede, na qual serão fixadas as paredes de placas.
"As paredes são feitas com gesso acartonado, lã mineral no centro, para garantir o isolamento
térmico, OSB [sigla para "Oriented Strand Board", chapa de alta
resistência feita com lascas de pínus] na parte externa, além de
manta impermeabilizante", diz
Gabriel Kalili, 42, um dos arquitetos envolvidos no projeto.
De acordo com o professor da
Poli-USP Vanderley John, o OSB
é utilizado com sucesso nos Estados Unidos há mais de 30 anos,
como base para piso, parede ou
telhado (na feira, o material é demonstrado nas três situações).
"Para usar o OSB, é preciso ter
muito conhecimento técnico. Se
empregado com a espessura certa, com materiais e estrutura adequados, pode resultar em uma excelente parede", conclui.
(ANDREA MIRAMONTES)
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