São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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MATERIAIS

Medidas aprovadas na ABNT entram em vigor no mês que vem; fabricantes terão 30 dias para se adequarem

Norma põe tintas ruins contra a parede

BRUNA MARTINS FONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma nova medida traz a perspectiva de remover do mercado as tintas de má qualidade. Foi aprovada na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) uma norma que estabelece parâmetros mínimos de qualidade para duas características das látex econômicas de cores claras: cobertura e resistência à abrasão.
O texto que especifica esses dois parâmetros aguarda publicação, o que deve ocorrer no próximo mês. Depois disso, as empresas terão 30 dias para se adequarem.
"Esses são os principais requisitos para medir a qualidade das econômicas", comenta Dilson Ferreira, 59, presidente-executivo da Abrafati (associação dos fabricantes), que promove o programa de melhoria das tintas que deu origem aos textos da norma.
Responsável por mais de 50% das vendas de tintas no país, a linha econômica custa menos, mas poupar tem seu preço. "A forma de baratear é tirar algumas matérias-primas caras, e a principal delas é a resina", explica Javier Baños, 30, gerente regional de marketing da Rohm and Haas, que fabrica resinas e aditivos.
Com pouca resina, a película formada pela tinta fica porosa, adere menos, suja mais e resiste menos a intempéries. Outro item que rareia nas econômicas é o dióxido de titânio, pigmento que dá a cor branca e a opacidade.
"Em geral, aplica-se um selador e duas demãos de tinta para cobrir uma superfície. Mas em testes já tive de passar até oito demãos", diz Kai Loh Uemoto, 56, coordenadora da comissão de tintas para construção civil da ABNT.
Os fabricantes de tintas aprovam a nova norma. "É um divisor de águas no mercado. Abaixo desses parâmetros, não dá nem para considerar que o produto seja uma tinta", avalia Wilson Zenha Junior, 39, gerente de serviços ao mercado da Suvinil.

Preparação
O bom acabamento da pintura não depende só de uma tinta de boa qualidade. Além de ser compatível com as características do ambiente, a superfície deve ser preparada para recebê-la.
As tintas acrílicas resistem mais a lavagens e intempéries do que as do tipo PVA (sigla em inglês para acetato de polivinil), que têm resina vinil acrílica. Dentro de casa, as acrílicas brilhantes agüentam mais lavagens por levarem mais resina. Por outro lado, ressaltam as imperfeições da superfície.
Falhas de pintura, como soltar pó, descascar ou apresentar bolhas e mofo, podem ser evitadas tomando cuidados básicos.
Antes de pintar paredes novas, é necessário esperar que todos os seus componentes sequem. "Se a argamassa leva cal, precisa de 15 dias para secar. O período aumenta para 28 dias em locais sem ventilação", exemplifica a engenheira Eliene Ventura da Costa, 38, do departamento técnico da Otto Baumgart. Sem a cal, deve-se esperar uma semana.
Quanto à umidade, não adianta apenas passar a tinta em cima de manchas escuras. É preciso resolver o problema para que ele não volte a aparecer.
"O correto é refazer o chapisco, o reboco e a pintura usando impermeabilizantes, que formam uma camada espessa contra a infiltração", afirma Costa.


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