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ECONOMIA
Profissionais gastam o dobro de material para compensar pouco conhecimento; pressa causa falhas no revestimento
Poupar tempo e mão-de-obra custa mais
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Não é só nos caixas das lojas
que se erra ao tentar gastar menos. Economizar tempo e investir
em mão-de-obra pouco qualificada completam os três pontos que
fazem o barato custar caro.
Quem quer enxugar o tempo da
obra pode acabar com paredes
"enrugadas", cheias de bolhas ou
com fissuras, por exemplo (confira mais casos no quadro acima).
Um assentamento feito às pressas não respeita o tempo de cura
(evaporação total da água) do
contrapiso ou entre o assentamento e o rejuntamento.
"Com isso, podem aparecer
eflorescências [manchas esbranquiçadas] e desgastes", explica a
engenheira Lilian Lima Dias, do
Centro Cerâmico do Brasil.
Outro problema freqüente é
trocar mão-de-obra qualificada
por um profissional que cobra
menos, mas não conhece a fundo
o serviço que deve ser feito.
Segundo Ubiraci Espinelli, professor do departamento de construção civil da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo,
cerca de 60% das obras são informais e não têm o aval de um engenheiro ou de um arquiteto.
Por falta de qualificação, a mão-de-obra pode optar por produtos
fora das especificações técnicas, o
que compromete a estrutura e o
acabamento. E pode custar o dobro, afirma o engenheiro Carim
Elmor, diretor da Atala Elmor Engenharia e Construções.
"Para compensar a falta de conhecimento, o pedreiro gasta
quantidades maiores de cimento,
aço e produtos de acabamento."
Por trás da parede
Na parte hidráulica, as falhas
ocorrem por desconhecimento
das especificações técnicas de
temperatura e de pressão, revela
Laura Macelini, gerente de produtos do mercado predial da Tigre.
Quando o assunto é a instalação
elétrica, o dimensionamento errado de disjuntores (calculado em
função da carga a ser instalada)
torna-se um problema recorrente. "Ter um disjuntor mal dimensionado é pior do que não ter. Dá
uma falsa idéia de segurança",
alerta Edson Martinho, consultor
do Instituto Brasileiro do Cobre.
O uso de fios de seções menores,
de 1,5 mm2 em vez de 2,5 mm2, é
comum. A troca poupa 10% em
material, mas sobrecarrega o sistema de transmissão e o aquece, o
que pode provocar um curto-circuito ou encarecer a conta de luz.
Produtos de má qualidade ou
que não seguem as normas técnicas custam até 30% menos do que
os de primeira linha. No caso de
blocos cerâmicos, setor que reúne
cerca de 7.500 fábricas, é difícil
distinguir os bons dos ruins.
"Há muito tijolo pirata, de baixíssima qualidade, mas com preços bem atraentes", atesta Luis Lima, da Anicer (Associação Nacional da Indústria Cerâmica).
(AR)
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