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CONJUNTURA
Os pessimistas recomendam reformar agora, os otimistas adiam planos, e há a "turma do depende"
Situação confunde até economista
FLÁVIA MARREIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Sinal amarelo para quem quer
financiar a reforma da casa. Consultores e economistas projetam
números diferentes para juros,
índices de inflação e câmbio.
Reformar ou esperar um pouco? Para os pessimistas, vale a pena apertar o acelerador e garantir
uma compra financiada com os
juros atuais. No futuro, acreditam
eles, as taxas serão maiores.
Para os otimistas, é hora de
esperar: o sinal verde para financiamentos mais longos só virá no
ano que vem. Apostam em maior
oferta de crédito, juros mais baixos, prazos generosos.
Há ainda o grupo dos "otimistas
moderados", do qual faz parte o
assessor econômico do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), Guido Mantega, 53. Traçam
um cenário positivo, mas tudo
depende da conjuntura externa.
O que fazer? Recomendar a
compra à vista, conselho universal, é pouco útil quando 80% dos
que pretendem adquirir material
de construção neste final de ano
pagarão a prazo, segundo pesquisa do Provar (Programa de Administração do Varejo), da USP
(Universidade de São Paulo).
Na pesquisa, os campeões da
preferência, com 42,9%, são pagamentos com carnês em lojas ou
parcelamento com financeiras.
A preferência faz sentido, analisa o coordenador-geral do Provar, Cláudio Felisoni, 50. "É enorme a concorrência entre as grandes lojas, e elas vão querer atrair
o consumidor pelo crédito."
Segundo o assessor econômico
da Serasa (Centralização de Serviços Bancários) Carlos Henrique
de Almeida, 42, o comprador deve aproveitar as condições facilitadas das lojas e escapar das mudanças de humor da economia.
Mesmo aconselhando esse tipo
de financiamento, ele diz que é
preciso fazer as prestações caberem no orçamento no futuro. "Os
preços dos serviços públicos ainda vão subir por conta da alta do
dólar nos últimos meses."
No banco
Pedir empréstimo em bancos só
é vantajoso se o cliente barganhar
um bom desconto (10% ou mais)
nas compras à vista do material.
"Se for menor, é melhor deixar o
dinheiro no banco, mesmo se tiver para pagar à vista", afirma José Dutra Sobrinho, 63, professor
de matemática financeira da USP.
Para financiamentos corrigidos
por índices de inflação -o que
inclui algumas linhas específicas
para a compra de material-, é
um bom procedimento incluir
no contrato a possibilidade de
abater a dívida mais rapidamente,
ensina o professor de finanças da
USP Alexandre Assaf Neto, 55.
A medida protege o consumidor de uma eventual subida da
inflação. "Já ocorreu antes, e nada
garante que não possa se repetir",
avalia o professor doutor em finanças Mauro Halfeld, 42.
Já os consórcios são vistos pelos
analistas como um negócio com
poucas vantagens em qualquer
conjuntura econômica. "Só é
bom para quem será sorteado nos
três primeiros meses. E, como
ninguém pode garantir que isso
vai acontecer, é melhor não arriscar", aconselha Dutra Sobrinho.
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