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PLANEJAMENTO
Contratar um arquiteto ou engenheiro para monitorar a obra evita desperdícios e alterações no projeto original; o problema é que isso custa
A tranquilidade tem seu preço
ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Antes de decidir a maneira como será pago o material de construção, há uma questão concreta:
tocar a obra sozinho ou contratar
um arquiteto ou um engenheiro?
Cálculo correto de material, melhor solução para os espaços e supervisão sobre o serviço executado são algumas das vantagens de
ter um profissional ao lado. A ressalva é o fato de isso ter um preço.
O arquiteto e diretor da AsBEA
(Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) Márcio
Mazza, 51, conta que a presença
desse profissional pode ajudar
a resolver melhor os espaços. "Resolvemos o problema levando em
conta insolação, fluxo de pessoas
e inclinações adequadas. Se forem
considerados os benefícios, os
custos não são altos."
Outro ponto positivo é o respeito ao projeto. "O profissional presente é uma garantia de que vai
sair conforme o combinado."
Custos
Mazza calcula que o preço para
gerenciar varia de R$ 60 a R$ 90
por hora. Já o valor pedido pelos
engenheiros fica entre R$ 60 e R$
100 por hora, de acordo com o engenheiro Manoel Botelho, 60, sócio do Instituto de Engenharia.
"Na prática, o arquiteto tem
mais sensibilidade em relação ao
espaço e pode transformá-lo com
uma boa idéia. Já o engenheiro fica com os cálculos e com a execução", completa Botelho.
Mesmo assim, muitos preferem
fazer a obra sozinhos e obtêm
bons resultados. É o caso do empresário Bruno Roberto Leite, 43,
que está construindo um prédio
de três andares.
"Tenho os cálculos do engenheiro e um projeto em mãos. Eu
tomo conta dos pedreiros, mas é
preciso ficar atento, pois a mão-de-obra geralmente não está
preocupada se o prédio vai cair."
O ferramenteiro Joaquim Vicente Mariano, 49, também reformou toda a casa sem ajuda.
"Quem não queria ter um arquiteto para fazer a obra, distribuir
bem os espaços? Mas é caro."
Outros comprovaram que um
profissional nem sempre garante
um serviço de primeira. Quando a
professora Helena Maisonnave,
61, resolveu reformar sua casa,
chamou um engenheiro, pois o
imóvel é antigo. Mas o contratado
deixou de recordação várias rachaduras nas paredes.
"Uma viga foi retirada. Logo depois, a laje cedeu, surgiram rachaduras e infiltrações. Agora, sempre que abro a janela da sala, cai
poeira do teto. Criou-se um problema onde não havia."
Segundo o Procon (Fundação
de Proteção e Defesa do Consumidor), todos os que participaram da obra têm responsabilidade solidária. E o consumidor pode
pleitear o reparo do prejuízo.
Aventura
Muitas vezes, quem contrata
um arquiteto ou engenheiro para
estar presente quer ficar de cabeça
fresca. Já quem se aventura sozinho no trato com pedreiros, pintores e serventes deve ser precavido para evitar armadilhas, como a
que aconteceu com o médico José
Maria Almeida, 65.
Ao assumir a reforma da casa de
campo, ele ficou com os armários
embutidos malfeitos e janelas pela metade. "Conhecia o marceneiro e confiei, mas, depois de receber o adiantamento, ele sumiu."
Arrependido, Almeida recomenda a quem vai reformar que
procure profissionais com firma
registrada e que faça um contrato
por escrito, com descrição de todo serviço a ser realizado.
A advogada Maria Inês Dolci,
45, da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor),
concorda. "Não dá para contratar
alguém de forma oral. Já um orçamento escrito bem-feito, com discriminação de valor, preço, prazo
de conclusão, pagamentos e especificações da obra é válido na hora
de cobrar judicialmente."
De acordo com Dolci, se a obra
for contratada por empreitada, o
ideal é especificar o preço da mão-de-obra separado do material.
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