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Comerciantes respeitam lei, mas falam em prejuízos
PAULO SAMPAIO
CINTHIA RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Ontem, excepcionalmente, o
comerciário Marcelo Ribon encerrou o expediente 40 minutos mais tarde. Gerente de uma
loja de roupas na rua 24 de
Maio (centro), ele teve de esperar até as 21h40 por um carregamento de mercadoria, já que
a nova regra de trânsito restringe a circulação de caminhões.
"Vai ser mais inseguro, mas a
gente espera que a polícia ajude", comentou.
Como Ribon, os principais
atingidos pela nova norma do
trânsito parecem dispostos a
obedecê-la, mas já calculam os
prejuízos.
Proprietário de dois caminhões, o comerciante Mohamed Hage, dono de uma loja de
móveis para cozinhas, só vai
poder contar com o pequeno, e
em dias alternados. Na verdade, ele lembra, além da alternância ainda vai ter de observar
o rodízio da placa do carro.
"No fim das contas, eu só vou
poder usar o carro duas vezes
por semana, dependendo, uma
só", calcula.
A gerente de logística Cléo
Martins diz que dispõe de três
caminhões grandes e dois pequenos para entregar móveis.
Ontem, ela tentou fazer tudo
com os pequenos, mas não conseguiu, foi obrigada "a empurrar para amanhã [hoje]".
"Como vai ser com o nosso
setor? Condomínios de edifícios não recebem mercadoria à
noite. E não dá para simplesmente mandar entregar. A gente trabalha com equipes especializadas, que sabem parafusar um painel, encaixar as peças, entende?"
O gerente de pós-venda Fernando Barros, que trabalha
com motos grandes, espera há
algumas semanas o anúncio da
regra de restrição para saber
que transporte vai utilizar.
"Não pretendíamos transportá-las mais em plataformas
como às dos socorros das seguradoras porque alguns clientes
não gostam de recebê-las em
um caminhão aberto. Picapes
fechadas são pequenas. Nossa
esperança era que as Sprinter
[tipo de van] não entrassem na
lei das restrições". Mas entram.
Mesmo quem está entre as
exceções fala em prejuízos.
Fernando Martini, gerente de
churrascaria, ainda não sabe se
poderá fazer o abastecimento
do lugar pela manhã, apesar de
os caminhões de entrega de
produtos perecíveis estarem
fora das restrições.
"O funcionário que faz o pedido, segunda-feira pela manhã, é o mesmo que recebe a
mercadoria, terça e quarta no
mesmo horário. Fica ruim a
mercadoria chegar à tarde, na
hora em que os clientes estão
saindo. Vamos ter que colocar
gente para trabalhar à noite,
que pode não ser seguro", diz.
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