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EDUCAÇÃO
Pesquisas mostram que participação, interesse e estímulo por parte das família melhoram desempenho dos alunos
Escola pública boa deve começar em casa
DA SUCURSAL DO RIO
A receita para uma boa escola
pública é simples e dá resultados.
Seus principais ingredientes são a
participação dos pais, o interesse
da família pela vida escolar do
aluno, o estímulo à leitura e o hábito de fazer e corrigir o dever de
casa. Junta-se a isso a vontade do
diretor em colocar em prática essas lições e, como resultado, há
uma melhoria no desempenho.
O efeito positivo das práticas
acima vem sendo comprovado
cientificamente. Pesquisa com 26
mil alunos de 200 escolas públicas
de São Paulo e Santa Catarina que
fazem parte do projeto Gestão para o Sucesso Escolar (voltado para
diretores) mostra que os ingredientes citados melhoram o desempenho dos estudantes.
Para chegar a essa conclusão, foi
feito um cruzamento da nota de
alunos de 4ª e 8ª série em provas
de português e matemática com
respostas dadas por eles a um
questionário socioeconômico.
A pesquisa mostrou que alunos
da 4ª série que afirmaram que os
pais tinham o costume de perguntar se eles estavam indo bem
na escola tiveram média de acertos de 62% na prova de português.
Entre os estudantes que disseram que os pais quase nunca faziam essa pergunta, a média cai
para 47%. O resultado foi parecido entre filhos de pais que costumam participar de reuniões da escola. Nesse grupo, a média de
acertos foi de 62%. Se os pais quase nunca vão às reuniões, a porcentagem cai para 48%.
Para Rose Neubauer, diretora-presidente do Instituto Protagonistés e coordenadora da pesquisa, ela mostra que mesmo pais
com pouca escolaridade podem
ajudar os filhos a ter boas notas se
demonstram interesse pela vida
escolar da criança e participam
das atividades do colégio. "Se o
pai estimula o filho a não faltar e
ter boas notas, faz muita diferença
entre as crianças da 4ª série."
Um estudo divulgado em julho
pelo Inep, do Ministério da Educação, a partir de dados do Saeb
(exame que avalia a qualidade da
educação), chegou a conclusão
idêntica: alunos cujos pais se
preocupam com o que acontece
na escola e que cobram os deveres
de casa têm médias maiores.
A pesquisa nas escolas de São
Paulo e Santa Catarina mostra
que o hábito de fazer dever de casa é uma das variáveis que mais
têm impacto positivo. Se o aluno
tem o hábito de fazer dever e os
professores cobram dele que o faça, a média de acertos é de 63%
em português na 4ª série. Se o aluno faz pouca lição de casa, a média cai para 44%; quando os professores não cobram, para 43%.
Para Neubauer, pesquisas que
analisam os fatores de sucesso do
aluno dão um instrumento para
as escolas melhorarem.
Para Francisco Poli, secretário
da Udemo (sindicato dos diretores em São Paulo), os resultados
da pesquisa mostram que a escola
precisa trabalhar não só com o
aluno mas também com os pais e
trazê-los para o ambiente escolar.
Ele diz também que é importante que a escola esteja preparada e
equipada para oferecer aos alunos
mais carentes o que eles não têm
em casa: "A escola não substitui a
família, mas pode ajudar se os
mais carentes tiverem aulas de inglês, informática ou passarem
mais tempo nela".
(ANTÔNIO GOIS)
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