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PLANO DIRETOR
Verticalização e criação de comércio aumenta fluxo de carros e agrava falta de vaga para estacionamento
Mudança de zona piora o trânsito local
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma casa com quatro moradores produz a média de oito deslocamento diários de ida e volta.
Substituída por uma pequena loja, com três funcionários, eles sobem para 40. Se uma escola for
instalada no mesmo lugar, pode
haver mais de 300 viagens saindo
ou chegando naquela via.
"Agora imagine a mudança em
uma quadra inteira, e não em
uma casa. A progressão é rápida
demais", diz Eduardo Vasconcelos, diretor-executivo-adjunto da
ANTP (Associação Nacional dos
Transportes Públicos), que faz essa simulação, sem rigor científico,
para mostrar os efeitos da mudança de Z1 para Z2 no trânsito.
O aumento do fluxo de veículos
é só um dos problemas. Uma característica entre as vias afetadas
pelo novo zoneamento é a falta de
vagas de estacionamento -por
serem estreitas, como a rua Jacatirão, na Chácara Monte Alegre; ou
por já terem circulação intensa,
como na Vila Nova Conceição,
onde manobristas do comércio de
moda fazem fila dupla para recolher os veículos dos clientes.
As interferências no trânsito
também se agravam na substituição de casas por prédios. O urbanista Cândido Malta faz uma projeção do potencial de construção
nos 84 mil mē de ruas atingidas
pela mudança no Alto da Boa Vista e conclui: no lugar onde hoje,
pelo zoneamento, as residências
podem acumular 340 carros, poderá haver mais de 7.000.
Até mesmo a coleta de lixo costuma trazer impacto na circulação com a mudança de Z1 para
Z2: os caminhões demoram mais
tempo nas ruas onde há edifícios,
porque precisam recolher mais
volumes de lixo, atrapalhando a
passagem de veículos.
A maioria dos especialistas em
trânsito ressalva, porém, que as
interferências nas quatro áreas
não chegam a afetar os congestionamentos da cidade inteira.
"São situações pontuais, localizadas, em microrregiões", afirma
Roberto Scaringella, fundador e
ex-presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
"O impacto é na vizinhança. A
maior preocupação é conceitual,
para a gente não ter milhares de
situações pontuais, que, no final,
poderão aumentar os congestionamentos em geral", diz Eduardo
Vasconcelos, da ANTP.
A verticalização, levada ao extremo, pode congestionar ainda
as vias de distribuição de água.
Embora a rede tenha um potencial ocioso, se a demanda aumentar muito será necessário adaptar
o sistema de abastecimento, diz
Francisco Paracampos, assessor
da Vice-Presidência Metropolitana de Distribuição da Sabesp. "É
preciso avaliar como se dará a
mudança de ocupação na prática
e a sua velocidade."
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