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entrevista
Beber não está proibido, diz relator da MP
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relator da medida provisória 415, o deputado
Hugo Leal (PSC-RJ) é o
responsável pelo projeto
que introduziu o conceito
de "alcoolemia zero" em
todo o país.
A MP, enviada pelo Executivo ao Congresso, tratava inicialmente só da
venda da bebida em rodovias federais. Hugo Leal,
que está em seu primeiro
mandato, é advogado e ex-presidente do Detran do
Rio, alterou totalmente a
medida, tornando muito
mais rígida a pena para
quem dirigir após beber.
Católico, o parlamentar
diz que gosta de beber,
mas sabe da importância
da "direção consciente".
FOLHA - Por que mudar totalmente a medida provisória
e introduzir a "alcoolemia
zero"?
HUGO LEAL - No momento
em que a MP que tratava
especificamente da venda
de bebidas nas estradas
chegou à Câmara, fiz diversas audiências para discutir o tema. A gente [parlamentares da Frente Parlamentar em Defesa do
Trânsito Seguro] já tinha
várias propostas em tramitação. Após os debates,
discuti as possíveis modificações com o governo,
que se mostrou favorável.
FOLHA - O sr. é contra a bebida? Não bebe?
LEAL - Não sou contra, inclusive bebo de vez em
quando. Mas tenho sorte
de ter uma mulher que não
bebe. Quando bebo, ela dirige. E acho que se alguém
quiser beber, pode beber
até morrer, não vejo problema nenhum. Pode beber em casa, quebrar móveis. O problema é dele, faz
o que quiser na casa dele.
Agora, no momento que
ele sai na rua, tem que fixar regras e a mais óbvia
delas é que não pode, em
detrimento de um direito
coletivo, sobrepor um direito individual.
FOLHA - O sr. acha que a restrição ao álcool vai durar?
LEAL - Tenho certeza que
sim. Pega o exemplo do
cinto de segurança. Apesar
das críticas, todo mundo
usa agora. É uma mudança
de comportamento, não
foi só por causa da multa.
Cada vez mais as pessoas
vão se conscientizar e as
pessoas vão cobrar. Tive o
compromisso do governo
de mais bafômetros. O governo está investindo na
compra, no futuro não vai
ter nenhuma viatura sem
bafômetro, por isso acho
que a lei vai durar.
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