|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Consumo de bebida alcoólica caiu 25%, afirma associação de bares
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os brasileiros beberam menos no primeiro fim de semana
depois do aumento do rigor
contra motoristas. Segundo a
Abrasel (Associação Brasileira
de Bares e Restaurantes), a
queda percebida pelos proprietários foi de 25% em relação ao
fim de semana anterior.
A pesquisa foi feita pelas subsedes da entidade com respostas de associados e sem critérios científicos. Em São Paulo, a
queda média considerada foi de
15%. Em Porto Alegre (RS), o
índice foi o dobro, de 30%, e,
em Belo Horizonte (MG), 40%.
"É preocupante", diz o diretor-jurídico da associação, Percival Maricato. Segundo ele, só
em São Paulo há 50 mil bares e
restaurantes que podem ser
prejudicados. Para Maricato, o
número vai crescer com a divulgação de casos de motoristas presos e multados.
O diretor teme que o fato de
não poder beber faça as pessoas
deixarem de freqüentar bares e
restaurantes. Ele estuda entrar
na Justiça com uma ação civil
pública em nome da entidade
contra a nova lei. "Queremos
que os níveis aceitos sejam
compatíveis com Estados Unidos [onde o limite de álcool que
torna ilegal dirigir fica entre oito e dez decigramas por litro de
sangue] e Canadá [oito decigramas por litro] e não os mais baixos do mundo [no Brasil, é ilegal dirigir a partir de dois decigramas por litro]", diz. No entanto, ele diz que a data de ajuizamento do processo ainda não
foi definida.
Maricato diz ainda que vai
ajuizar até amanhã no Tribunal
de Justiça um pedido de habeas
corpus contra a Polícia Militar
e a Secretaria de Estado da Segurança por abuso de autoridade nas blitze em que motoristas
são forçados a fazer o teste com
o bafômetro. Segundo a polícia,
o motorista pode se recusar a
fazer o teste, mas pode ser levado para prestar esclarecimentos na delegacia.
O diretor da associação de
gastronomia e cultura da Vila
Madalena Thomas Migliano
diz que no bairro, na zona oeste
de SP, a venda de bebidas alcoólicas caiu cerca de 50% no primeiro final de semana em que a
lei esteve em vigor. "Agora, tem
gente vindo de táxi ou combinando quem não vai beber."
Morador do Parque São Domingos (zona norte de SP),
Marcello Zuim, 29, advogado,
estava ontem em um bar na Vila Madalena com a irmã Ana
Carolina Zuim, 25. Os dois
combinaram que ela beberia só
meio copo de chope para poder
dirigir. Eles pretendem se revezar. "Acho que a lei é boa, mas
pode virar corrupção", diz ele.
(CINTHIA RODRIGUES E LUIS KAWAGUTI)
Texto Anterior: Entrevista: Beber não está proibido, diz relator da MP Próximo Texto: Essa lei é muito boa, diz taxista que trabalha na Vila Madalena Índice
|