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PMs multam procurador e são afastados
Chefe do Ministério Público do Amazonas foi parado em blitz de trânsito, reagiu ao saber da multa e recebeu voz de prisão
Os 2 policiais alegam que foram chamados de "burros", "idiotas" e "cara de índio'; procurador nega e
diz que não quis ofender
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Dois policiais militares do
Amazonas foram afastados das
funções desde domingo após
multar e dar voz de prisão ao
procurador-geral de Justiça do
Estado, Evandro Paes de Farias, durante uma blitz de trânsito em Manaus. O afastamento
é resultado de sindicância da
PM concluída na terça-feira.
O primeiro-tenente Marivaldo França, da Força Tática, e o
terceiro-sargento Aderbal Morais, do 10º Batalhão, foram
acusados de desrespeito ao
procurador e de terem dado voz
de prisão sem amparo legal e
mediante abuso de autoridade.
Durante a blitz, os policiais
exigiram que Farias, 69, apresentasse o CRLV (Certificado
de Registro e Licenciamento de
Veículo) atualizado, como prevê o Código de Trânsito Brasileiro. O procurador portava o
documento de 2006.
Segundo os PMs, o procurador-geral os xingou de "idiotas"
e "burros" ao ser informado
que seria multado em R$
191,54. Avaliava que a questão
estaria resolvida com a apresentação de parcelas pagas do
IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). O sargento Morais, amazonense de Parintins, diz que
foi chamado de "cara de índio".
Os PMs registraram ocorrência por desacato a autoridade
no 5º Distrito Policial, que
abriu inquérito e enviará o caso
ao Tribunal de Justiça devido
ao foro privilegiado de Farias.
"Ele usou o "cara de índio" para
dizer que eu era incapaz para
notificá-lo", afirmou Morais.
Segundo o Detran do Amazonas, a falta de apresentação do
certificado de licenciamento é
considerada infração gravíssima, que prevê a apreensão do
veículo, o que não ocorreu no
caso do procurador-geral. O
Detran informou que Farias
perdeu sete pontos na Carteira
Nacional de Habilitação.
Sem ofensa
Farias, que não teve seu Space Fox apreendido, disse que ligou para um major da PM que
presta serviços ao Ministério
Público para resolver o caso
com os policiais porque estava
com duas senhoras e uma
criança de dois anos no carro.
"Eu liguei para o major e pedi
para ele conversar com o tenente. Se havia uma infração,
até por ignorância da minha
parte pensei que estava quite.
Mas ele [sargento Morais] não
sabia explicar o que faltava.
Disse a ele: "O senhor está fazendo eu perder o meu domingo; se eu não estiver errado, vou
lhe processar'", afirmou Farias.
Ele disse que ficou retido no local por 45 minutos aguardando
a solução da questão.
O chefe do Ministério Público negou ter chamado os policiais de burros. Confirmou ter
dito "cara de índio" a um deles,
mas negou intenção de ofender. Afirmou que se exaltou por
ter se sentido desrespeitado.
"Não os chamei de burros, disse
que era uma atitude idiota ele
me empurrar. Não falei ofensivamente. Somos uma nação de
raízes indígenas e, para mim, o
fato de identificar uma pessoa
por sua etnia não soa como
ofensa", afirmou.
O corregedor-geral da PM,
tenente-coronel Euler Cordeiro, afirmou que os dois policiais
foram afastados porque transgrediram a disciplina militar na
abordagem ao procurador.
A PM deu 24 horas para os
PMs formalizarem a defesa
-as punições vão de advertência a prisão. "Não havia necessidade de abordagem daquela
pessoa, independentemente de
quem fosse. Eram pessoas idosas, foi um equívoco."
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