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Garoto morre, e família acusa colegas de classe
Parentes do jovem dizem que ele morreu depois de ser espancado na escola
Corte de cabelo motivou violência, afirma a mãe; direção de colégio nega que tenha ocorrido agressão
em suas dependências
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
No último dia 20, Samuel Teles da Conceição, 17, recebeu
tapas e socos na escola em que
estudava, em Silva Jardim (a
130 km do Rio), por ter aparecido com o cabelo cortado, numa
"brincadeira" conhecida como
"selinho". No sábado passado,
morreu num hospital carioca
com uma lesão grave na cabeça.
A família do adolescente vê
relação entre os dois fatos e
afirma que ele foi espancado. A
direção da escola municipal
Professora Vera Lúcia Pereira
Coelho nega que tenha ocorrido, em suas dependências, uma
briga com tamanha violência.
"Meu filho não gostava do cabelo grande, mas quando foi
cortar falou que estava com
medo porque os meninos iam
bater nele", contou a dona-de-casa Dalciléia Esperança.
De acordo com a família, Samuel foi espancado por colegas
durante a aula de matemática,
quando a professora se ausentou da sala. Naquele dia, contou
à mãe do "selinho" e se queixou
de dor de cabeça, mas não falou
de nenhuma agressão violenta.
Mesmo assim, Esperança foi
ao colégio na sexta-feira para
reclamar do ocorrido. Cinco
alunos foram advertidos e tiveram que comparecer à escola
acompanhados dos pais, na segunda-feira seguinte, dia 25.
Na terça-feira, um funcionário da escola notou que Samuel
estava inchado e tremendo. A
direção procurou a mãe do estudante, que foi levado à Policlínica Municipal Agnaldo de
Moraes. Lá, segundo Esperança, ele foi diagnosticado com
problemas renais e medicado
porque urinava sangue.
Nos dias seguintes, seu estado de saúde piorou. "Ele foi ficando todo mole. Passava o dia
deitado", disse a mãe.
Na sexta-feira passada, ela
voltou à policlínica. Dessa vez,
os médicos constataram que o
problema era grave. O secretário de Saúde da cidade, Isaías
Ferreira da Silva, não quis comentar o caso ontem.
Diante do quadro, Samuel foi
transferido para o hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, zona norte do
Rio. Uma tomografia confirmou a gravidade da situação.
Foi quando, segundo a mãe,
ele revelou a força da agressão.
"Ele me olhou e disse: "Foi muita pancada, mãe'", contou.
Nesse dia, ele teve morte cerebral. No sábado, seu coração
parou de bater. Segundo o Instituto Médico Legal, a causa da
morte foi contusão no crânio e
meningoencefalite purulenta.
Segundo Patrícia Teles da
Silva, prima de Samuel, o estudante chegou a dizer à mãe que
as dores eram motivadas pela
vacina contra rubéola que tomara dias antes. Aos primos,
disse que foi picado por um marimbondo.
A escola negou que o estudante tenha sido agredido em
sala de aula. A professora de
matemática Isabel Mello afirmou ter se ausentado por menos de cinco minutos no dia 20,
para beber água. Disse que deixou os alunos fazendo exercícios e que, quando retornou,
não havia sinal de briga. "O tapinha do "selinho" pode ter tido,
mas não um espancamento como estão falando", disse. "Os
professores das salas vizinhas
teriam ouvido e a sala não estaria tão calma no meu retorno."
O caso será investigado pela
120ª DP, de Silva Jardim.
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