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SAÚDE
Professora da Harvard vai relatar projeto desenvolvido em Campinas como uma experiência bem-sucedida na área
Projeto de saúde mental vira referência
FERNANDA BASSETTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A professora e psiquiatra da
Universidade de Harvard (EUA)
Cassis Henry chega hoje a Campinas (95 km de São Paulo) para desenvolver um estudo sobre experiências em saúde mental.
A cidade foi apontada pelo Ministério da Saúde como referência
em trabalhos de saúde mental no
país, assim como Sobral (CE).
A pesquisadora foi contratada
pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). O resultado do estudo será publicado pela
Opas e pela universidade americana. A pesquisadora já passou
pelo México para colher dados
para compor o estudo e ainda visitará outros países das Américas
antes de concluir o trabalho.
O coordenador do Programa de
Saúde Mental do Ministério da
Saúde, Pedro Gabriel Delgado, informou que Campinas foi escolhida por desenvolver boas experiências, conforme a política de
saúde mental defendida pelo ministério, com uma rede comunitária de atenção psicossocial eficiente. Ainda segundo Delgado, a
pesquisa avaliará a qualidade dos
serviços prestados pelas unidades
e fará entrevistas com usuários do
programa na cidade.
A coordenadora de saúde mental da Prefeitura de Campinas,
Florianita Coelho Braga, disse que
uma comissão de usuários vai
acompanhar o trabalho.
Segundo ela, o reconhecimento
é resultado da reforma psiquiátrica que está sendo implementada
em Campinas desde 2001.
"A cidade fechou hospícios e inseriu as pessoas no meio social
por meio de garantias de moradia
e trabalho", disse Braga.
Hoje Campinas possui oito
Caps (Centro de Atenção Psicossocial), que são serviços territoriais de atenção diária para atender as pessoas que necessitam de
cuidados especiais.
Cinco deles são destinados a
adultos, um é infantil, outro para
dependentes adultos de drogas e
álcool e, por último, um que recebe crianças e adolescentes que fazem uso de drogas.
Quatro Caps funcionam 24 horas e oferecem 32 leitos -oito em
cada unidade. "Essas unidades
substituem os hospícios e têm a
proposta de tratar em liberdade
os seres humanos que sofrem de
doenças mentais graves", explicou a coordenadora.
Braga destacou que o objetivo
do programa de saúde mental de
Campinas é que esses pacientes
não sejam excluídos da sociedade.
"A emergência na doença mental é processual. Ela é visivelmente
perceptível para quem acompanha rotineiramente as pessoas. A
gente pode cuidar dos pacientes
sem necessitar de internação no
hospital", disse Braga.
A coordenadora disse que fazer
com que o doente diminua sua
crise e permitir que ele tenha uma
assistência rotineira na comunidade faz com que ele entenda seus
momentos.
"A doença mental não tem cura,
mas temos de aprender a conviver com essas pessoas."
Além dos Caps, o programa de
saúde mental possui 30 casas distribuídas em diversos bairros da
cidade, onde vivem 142 pessoas
que estavam "morando" em antigos hospícios.
Segundo Braga, essas pessoas
são mantidas com os recursos que
eram destinados aos hospitais onde elas estavam, por meio de uma
política internacional de saúde
mental.
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