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Transtorno de Déficit de Atenção é diagnosticado em pessoas que sofrem por não conseguir se concentrar
"Avoado" tem distúrbio se há dano social
CAROL FREDERICO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Na escola, qualquer coisa me
tirava a atenção. O caderno e a
borracha viravam brinquedo, e eu
não conseguia me concentrar. Se
eu tivesse alguma coisa para fazer,
sentia tanta ansiedade que eu não
fazia nada. Aí acabava ficando
com a auto-estima baixa por causa das críticas. Os médicos diziam
que eu era normal, e eu me sentia
pior ainda, porque então a culpa
era minha", relata João Carvalho
Filho, 32, que sempre teve problemas na escola. Ele repetiu a 3ª e a
5ª série do ensino fundamental e o
1º e o 2º ano do ensino médio.
Carvalho Filho tem TDA
(Transtorno de Déficit de Atenção). O distúrbio é caracterizado
por uma tríade de sintomas: desatenção, impulsividade e hiperatividade. "Como o transtorno está
presente desde a infância, acaba
sendo confundido com o jeito da
pessoa", diz Paulo Mattos, 43, vice-presidente da ABDAH (Associação Brasileira de Déficit de
Atenção e Hiperatividade).
É que a área pré-frontal do cérebro dessas pessoas -responsável, entre outras funções, pela
atenção seletiva- funciona em
nível abaixo do normal. Então, essas pessoas se sentam para estudar, mas não conseguem se desligar da música que está tocando,
do carro buzinando lá fora, sem
conseguir se concentrar em nada.
Com relação às garotas, o acerto
no diagnóstico pode ser ainda
mais complicado. Aquela garotinha meiga, que não fala durante a
aula -mas também não participa-, pode apresentar o mesmo
problema, o TDA. Os garotos são
predominantemente hiperativos,
e a garotas, desatentas. Com isso,
os sintomas do distúrbio muitas
vezes não são percebidos.
O que define o distúrbio são os
prejuízos que esses sintomas inconvenientes trazem à vida pessoal, emocional e profissional da
pessoa. "Se você não tem prejuízo, você não tem doença, tem
uma diferença", esclarece Ênio de
Andrade, 37, diretor do Serviço de
Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital das Clínicas
de São Paulo.
"No começo, fiquei assustada
por causa dos remédios, mas hoje
eu sinto por não ter percebido antes", diz Vera Santo-Sé Pires, 60,
mãe de Carvalho Filho.
Uma vez manifestados os sintomas do TDA, a doença não tem
cura, mas pode ser controlada.
O tratamento consiste em medicação e psicoterapia comportamental. O acompanhamento psicológico é fundamental, pois dá
ferramentas para que o paciente
se reestruture e trabalha a auto-estima. Já os medicamentos ajudam o paciente a se concentrar e
controlar sintomas.
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