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COMPORTAMENTO
Casal foi advertido por segurança após beijo
Homossexuais organizam "beijaço" em shopping center de São Paulo
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grande beijo. Essa é a resposta que entidades de defesa dos
direitos de homossexuais querem
dar hoje a um incidente ocorrido
no começo do mês passado no
Shopping Frei Caneca, localizado
na região da avenida Paulista.
Está marcado para as 17h um
"beijaço", que deverá contar com
participação de simpatizantes de
quatro associações, lideradas pelo
Grupo Corsa.
Tudo teria começado com um
beijo, mas virou caso de polícia e
queixa na Secretaria de Justiça e
Defesa da Cidadania. Opõe um
casal de rapazes homossexuais,
que afirma ter "apenas trocado
um beijo", e a direção do shopping, para quem eles agiram de
forma "questionável" e cometeram "excessos".
No dia 6 de julho, o jornalista
João Xavier, 25, e seu namorado
Rodrigo Rocha, 22, publicitário,
encontraram-se no shopping para ir ao cinema. Segundo Xavier,
trocaram um beijo ("tipo selinho") e deram um abraço, quando foram interpelados por um segurança. "Na hora eu não entendi
direito. Mas, quando ele falou que
era por causa do beijo, não acreditei", diz Xavier. "Eu falei que eu tinha o direito de fazer aquilo, que
há uma lei que garante isso."
A lei é estadual, nš 10.948, e está
em vigor desde 2001. Tem por objetivo coibir a discriminação à
orientação sexual e garante o direito à "expressão da afetividade".
Ainda segundo Xavier, foi com
base nessa legislação que ele chamou a polícia. Acabaram todos
(ele, o namorado mais o pessoal
do shopping) na delegacia.
Em nota divulgada na quinta-feira, a direção do shopping afirmou que o casal foi tratado com
"cortesia e respeito" e que "só foi
abordado pelo segurança porque
estava cometendo excessos".
A Folha solicitou à direção do
shopping que especificasse que tipo de excesso fora cometido. Wilson Pelizaro, superintendente,
disse o seguinte: "A orientação da
nossa equipe de segurança é de,
utilizando bom senso, solicitar a
interrupção de atitudes que causem constrangimento às outras
pessoas, partam elas de casais homo ou heterossexuais. A informação que tenho é de que o casal de
rapazes estava agindo de forma
questionável e foi a eles solicitado
a interrupção do ato."
Estabelecido o impasse, uma
comissão da Secretaria da Justiça
vai agora avaliar o caso.
De acordo com Lula Ramirez,
coordenador do Grupo Corsa, a
intenção do "beijaço" de hoje não
é protestar contra o estabelecimento nem hostilizar ninguém.
"O shopping se localiza numa
área de grande concentração de
homossexuais. Nós queremos
continuar a frequentá-lo. Por isso
queremos que as pessoas saibam
que nós existimos e que nos beijamos", afirma Ramirez.
Se depender da disposição da
direção do local, o "beijaço" ocorrerá sem problemas. Wilson Pelizaro afirmou que acredita tratar-se de "um ato pacífico e importante para a consolidação de uma
sociedade que convive em harmonia com a diversidade".
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