|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Na Uerj, primeira instituição a adotar sistema de cotas, vestibulandos beneficiados têm notas próximas às dos demais
No Rio, grupos têm desempenho similar
DA SUCURSAL DO RIO
A Uerj (Universidade do Estado
do Rio de Janeiro) realiza o primeiro vestibular neste ano após
ser a primeira grande instituição
pública do Rio a adotar o regime
de cotas para negros e egressos do
ensino público, no ano passado.
O exame que definirá os negros
e alunos da rede pública aptos a
entrar na Uerj ainda está em andamento. Em sua primeira fase,
na qual são avaliados conhecimentos gerais, o resultado dos estudantes que se encaixam no perfil das cotas foi muito parecido
com o dos demais candidatos.
No primeiro exame, foram eliminados 44% dos 19 mil alunos
inscritos no teste feito para os beneficiados pelas cotas. Entre os
demais estudantes, a porcentagem de eliminados foi um pouco
menor -37%.
No outro extremo, os estudantes com mais de 70% de aproveitamento foram 2,3% dos que podem entrar pelas cotas e 3,8% dos
demais candidatos.
"Até agora, o que é possível afirmar é que a diferença entre os
dois grupos não foi tão grande no
primeiro exame. No entanto, ainda não sabemos como ela ficará
em cada curso, depois que os estudantes fizerem a segunda fase
do vestibular", afirmou Sônia
Wanderley, assessora da coordenação do vestibular da Uerj.
Ânimo
Frei Davi Santos, principal liderança da ONG Educafro, que defende as cotas, enxerga os números de modo mais animado.
"Os resultados mostram que
uma boa parte dos alunos da rede
pública quer vencer. Considerando que os demais candidatos são
de escolas de qualidade, como as
particulares, o resultado foi muito
bom. Ele mostra que há um número suficiente de alunos da rede
pública aptos a entrar na universidade", disse.
Para decidir quem é negro ou
pardo, o decreto que regulamentou as cotas definiu que o próprio
estudante informaria a cor da pele. Para evitar que estudantes
brancos se aproveitem dessa brecha, foi instituída a possibilidade
de o Estado processar por falsidade ideológica quem mentir.
A ONG Educafro também pretende fiscalizar a primeira seleção
realizada pela Uerj e processar
por falsidade ideológica quem
tentar burlar o sistema de cotas,
fazendo-se passar por egresso de
escola pública ou negro.
Na marra
No caso do Rio, as cotas nas universidades estaduais só foram implementadas porque o então governador Anthony Garotinho
(PSB) enviou, em 2001, um projeto de lei à Assembléia Legislativa,
sem debater antes com a universidade. A reitoria da Uerj era contrária ao sistema de cotas.
O projeto original previa a reserva de 50% das vagas para estudantes da rede pública. As cotas
para negros foram incluídas depois, no projeto aprovado ainda
no ano passado e que reserva 40%
das vagas.
No Congresso Nacional há um
projeto em tramitação, de autoria
do senador José Sarney (PMDB),
que prevê cota de 20% para estudantes negros e egressos da escola
pública.
Texto Anterior: Educação: Cota para negro volta polêmica e indefinida Próximo Texto: Militantes querem que cor seja declarada Índice
|