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Para educador, desemprego influi
DA REPORTAGEM LOCAL
O educador social Oseas Santana, 31, vivia com Cleber, 29, um
"rapagão bonito" que trabalhava
como vigia de construção em Salvador. "Ele era ciumento demais,
era olhar do lado e ele achava que
eu estava querendo outro. Era
ciumento, possessivo, um comportamento machista dentro de
um relacionamento homossexual", relata o namorado.
Um ano atrás, quando a relação
já beirava dois anos, Cleber discutiu e jogou no companheiro um litro de álcool. Na outra mão, acendeu um fósforo.
"Eu me vi queimado, morto",
diz Oseas. "Fui tentando acalmá-lo, perguntando por que queria
me queimar se gostava de mim,
lembrando as coisas boas que tínhamos vivido." Um descuido e
Oseas agarrou-se ao companheiro, apagando o fósforo. Um mês
depois, Cleber foi embora.
Oseas é o coordenador do Grupo Gay da Bahia. "Foi culpa minha. Ele não sabia lidar com a
emoção, tinha outro nível, eu devia ter compreendido isso."
Em São Paulo, o ator e professor
de teatro Jucinério Felix, 33, é um
dos líderes comunitários gays da
Vila Dalva, no Butantã (zona oeste). É também representante no
Conselho Tutelar no bairro.
Miséria
Pelas suas funções, e especialmente pelo respeito que ganhou
na comunidade, Felix diz que resolveu muitas brigas de casais homossexuais. Uma delas foi de um
casal, "ela" uma travesti desempregada que precisava viver de
programas, ele, também desempregado, cheio de ciúmes e muitas vezes alcoolizado. Outro casal
também passou a se agredir depois que um perdeu o emprego.
"O que tenho vinho aqui é que a
condição econômica, especialmente o desemprego, está por
trás da violência", diz Felix. "Como nos casais heteros, a miséria e
o machismo provocam as brigas."
Ninguém vai à polícia, pois teme ser ainda mais humilhado. "O
GGB defende há anos que gays e
travestis vítimas de machismo sejam atendidos nas delegacias de
mulheres", afirma Luiz Mott.
A proposta não encontra apoio
no movimento gay e provoca a ira
dos grupos de lésbicas. "Seria um
desrespeito a uma conquista das
mulheres", diz Luiza Granado, do
grupo Um Outro Olhar.
"Os homossexuais são homens
que se relacionam com homens,
devem ser atendidos como qualquer outro homem", completa
Luiza Granado.
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