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Planta segue modelo francês
DA REPORTAGEM LOCAL
Morar vai ficar cada vez mais
caro. E, o que é pior: o mercado
imobiliário vai continuar vendendo o mesmo tipo de habitação
que vendia há cem anos. A opinião é do professor Marcelo Tramontano, coordenador do Nomads (Núcleo de Estudos sobre
Habitação e Modo de Vida), da
USP em São Carlos.
Tramontano afirma que a planta das casas ou apartamentos de
hoje repete a tripartição criada na
belle époque francesa, no final do
século 19: áreas de serviço (cozinha e lavanderia, por exemplo),
social (sala de estar e jantar) e íntima (quartos).
"Os visitantes não são admitidos na área íntima, mas a área social funciona como a vitrine do
êxito da família e tem de ser vista
de fora, daí a instalação de janelas
grandes na sala", exemplifica.
Essa origem nobre do modo de
vida nos imóveis acabou se tornando um modelo para produção
em série no Brasil, sobretudo a
partir dos anos 70, em São Paulo.
Tramontano diz que essa produção tinha como público principal uma família nuclear, formada
por pai, mãe e filhos. Porém esse
grupo se alterou e hoje há mães
sozinhas com filhos e solteiros
morando sozinhos, por exemplo.
Mesmo famílias cujos filhos ainda moram com os pais têm sua relação alterada. Hoje é comum
adolescentes fazerem dos seus
quartos espaços de individualidade. Segundo Tramontano, esse é
um problema que o mercado terá
de enfrentar -conjugar individualidade com industrialização.
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