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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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Caso de favela é Barão de Mauá paulistano

DA REPORTAGEM LOCAL

Qualquer semelhança entre as contaminações ambientais do terreno da favela Paraguai e do condomínio Barão de Mauá (na região metropolitana de São Paulo) não é mera coincidência.
Em ambos os casos, áreas que, nos anos pré-legislação ambiental, serviram como lixões industriais acabaram sendo usadas para fins residenciais, sem que se tivesse conhecimento da história e do passivo que elas abrigavam.
As duas contaminações são, dizem ambientalistas e o próprio governo, apenas parte da ponta de um iceberg que ainda pode dar muita dor de cabeça para as autoridades e moradores de São Paulo: as áreas contaminadas desconhecidas em todo o Estado, principalmente na capital, onde antigas zonas industriais são, há algumas décadas, ocupadas, de forma regular ou não, por moradias.
No ano passado, depois que a Folha tornou pública a contaminação provocada pela base de combustíveis da Shell na Vila Carioca (bairro da zona sul da capital), a Cetesb divulgou uma lista de 255 pontos de contaminação, que tem na favela Paraguai seu mais recente acréscimo.
E o conhecimento sobre novas áreas comprometidas só tende a aumentar, afirma Fernando Rei, chefe da Diretoria de Controle de Poluição Ambiental da agência, porque, desde o fim dos anos 90, Estado e município vêm publicando leis que obrigam a informação sobre passivos e a investigação ambiental em áreas industriais que mudem de uso.

Extração de gases
No caso de Mauá, o subsolo e as águas subterrâneas de um conjunto habitacional onde vivem cerca de 4.000 pessoas ainda estão contaminados por vapores orgânicos tóxicos liberados por substâncias como o benzeno.
Como a ocupação lá é regular e foi aprovada pelos órgãos públicos, a retirada dos moradores foi considerada inviável dos pontos de vista econômico e logístico.
Os trabalhos de remediação, que incluem a extração e o tratamento dos gases tóxicos, têm sido tocados há cerca de um ano e meio pela construtora do conjunto. Como teve os bens arrestados pela Justiça e foi impossibilitada de continuar a construção dos prédios, a empresa vem, porém, alegando dificuldades financeiras para continuar a remediação.
A limpeza do terreno deve demorar anos ainda, segundo a Cetesb. (MV E JCS)


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