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Internet e celular viram armas entre adolescentes, escondidos no anonimato
DA REPORTAGEM LOCAL
Mensagens ofensivas que
não param de chegar pelo telefone. Fotos em situações constrangedoras circulando pelo e-mail. Fofocas descabidas no
Orkut. A geração celular-internet sabe bem que é preciso
muito mais do que cuidado para escapar do ciberbullying.
"De uns três anos para cá, este
tipo de bullying começou a se
tornar mais comum no Brasil",
conta a pedagoga Cleo Fante.
"Adolescentes se aproveitam
das novas tecnologias para colocar fotos comprometedoras
na rede, muitas vezes produzidas por montagens, ou enlouquecer as vítimas enviando
mensagens com conteúdo de
baixo calão."
Em abril, uma estudante de
direito de Pompéia, interior de
São Paulo, teve sua vida virada
de cabeça para baixo quando
fotos nas quais aparece fazendo
sexo com dois rapazes foram
divulgadas na internet. Segundo ela e um dos rapazes da cena,
as fotos são montagem.
No Brasil, não há pesquisas
em âmbito nacional sobre ciberbullying, mas na Inglaterra
estudos indicam que a cada
quatro meninas, uma é vítima
de ataques via celulares, afirma
Fante. Pesquisa realizada nos
Estados Unidos também demonstrou que 20% dos alunos
de ensino fundamental são vítimas de ciberbullying. "Alguns
jovens fotografam colegas se
esbofeteando e depois disponibilizam as fotos na internet. É
uma forma de ridicularizar ainda mais as vítimas."
Por observação, conta a pedagoga, é possível perceber que
a maior parte dos praticantes
deste tipo de bullying tem entre
14 e 16 anos. "É difícil saber se a
maioria dos praticantes é de
meninos ou meninas porque
para se chegar ao agressor é necessário o auxílio de especialistas para rastrear a origem dos
ataques. A maioria se esconde
no anonimato."
Algumas vítimas de ciberbullying, cansadas de brincadeiras de mau gosto, criaram
em fevereiro deste ano o site
CyberBullying Br (http://
cyberbullyingbr.net) para ajudar quem sofre com intrigas
pela internet. No site, há dicas
para sobreviver a este tipo de
agressão. "Não dá para fazer
muita coisa para evitar", diz
Fante. "Então, o melhor é ensinar os jovens a se comportar na
internet e no celular."
No Colégio Magno, na zona
sul de São Paulo, estudantes de
7ª e 8ª séries estão elaborando
um manual de ética do Orkut.
Assim, saberão com mais clareza o que se deve e o que não se
deve escrever nas mensagens.
"Os jovens ainda não têm noção do alcance que um conteúdo publicado na internet tem. É
nossa obrigação alertá-los de
que eles são responsáveis por
tudo que escrevem, inclusive
no mundo virtual, e que o mau
uso desta ferramenta pode gerar até conseqüências legais",
afirma Cleide Fernandes Ruy,
coordenadora-pedagógica da
escola.
(DT)
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