São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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Internet e celular viram armas entre adolescentes, escondidos no anonimato

DA REPORTAGEM LOCAL

Mensagens ofensivas que não param de chegar pelo telefone. Fotos em situações constrangedoras circulando pelo e-mail. Fofocas descabidas no Orkut. A geração celular-internet sabe bem que é preciso muito mais do que cuidado para escapar do ciberbullying. "De uns três anos para cá, este tipo de bullying começou a se tornar mais comum no Brasil", conta a pedagoga Cleo Fante. "Adolescentes se aproveitam das novas tecnologias para colocar fotos comprometedoras na rede, muitas vezes produzidas por montagens, ou enlouquecer as vítimas enviando mensagens com conteúdo de baixo calão."
Em abril, uma estudante de direito de Pompéia, interior de São Paulo, teve sua vida virada de cabeça para baixo quando fotos nas quais aparece fazendo sexo com dois rapazes foram divulgadas na internet. Segundo ela e um dos rapazes da cena, as fotos são montagem.
No Brasil, não há pesquisas em âmbito nacional sobre ciberbullying, mas na Inglaterra estudos indicam que a cada quatro meninas, uma é vítima de ataques via celulares, afirma Fante. Pesquisa realizada nos Estados Unidos também demonstrou que 20% dos alunos de ensino fundamental são vítimas de ciberbullying. "Alguns jovens fotografam colegas se esbofeteando e depois disponibilizam as fotos na internet. É uma forma de ridicularizar ainda mais as vítimas."
Por observação, conta a pedagoga, é possível perceber que a maior parte dos praticantes deste tipo de bullying tem entre 14 e 16 anos. "É difícil saber se a maioria dos praticantes é de meninos ou meninas porque para se chegar ao agressor é necessário o auxílio de especialistas para rastrear a origem dos ataques. A maioria se esconde no anonimato."
Algumas vítimas de ciberbullying, cansadas de brincadeiras de mau gosto, criaram em fevereiro deste ano o site CyberBullying Br (http:// cyberbullyingbr.net) para ajudar quem sofre com intrigas pela internet. No site, há dicas para sobreviver a este tipo de agressão. "Não dá para fazer muita coisa para evitar", diz Fante. "Então, o melhor é ensinar os jovens a se comportar na internet e no celular."
No Colégio Magno, na zona sul de São Paulo, estudantes de 7ª e 8ª séries estão elaborando um manual de ética do Orkut. Assim, saberão com mais clareza o que se deve e o que não se deve escrever nas mensagens.
"Os jovens ainda não têm noção do alcance que um conteúdo publicado na internet tem. É nossa obrigação alertá-los de que eles são responsáveis por tudo que escrevem, inclusive no mundo virtual, e que o mau uso desta ferramenta pode gerar até conseqüências legais", afirma Cleide Fernandes Ruy, coordenadora-pedagógica da escola. (DT)


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