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SAÚDE
Sistema de defesa do organismo elimina 80% das ocorrências do vírus em mulher sem lesão no colo do útero
Bióloga critica teste de HPV em jovens
DA REPORTAGEM LOCAL
Não fazer nada, apenas acompanhar. Parece esquisito receber
uma recomendação dessas quando o diagnóstico é de infecção pelo vírus HPV. Mais difícil ainda
quando se é uma mulher jovem, e
muitas vezes ansiosa.
Como alguns tipos do papiloma
vírus humano, o HPV, estão ligados ao aparecimento de câncer de
colo uterino, a primeira coisa que
algumas pacientes pensam é em
remédios, cauterizações.
No entanto, segundo a bióloga
Luisa Villa, pesquisadora-chefe
do setor de virologia do Instituto
Ludwig de Pesquisa contra o Câncer, em pacientes jovens, saudáveis, sem qualquer tipo de lesão
no colo do útero, o vírus é eliminado pelo sistema de defesa, sem
tratamento, em 80% dos casos.
"Anteriormente, sempre dizíamos que, uma vez infectado, isso
era para sempre. Mas era porque
os exames não eram sofisticados
o suficiente para garantir que tinha ocorrido uma total descarga
do vírus", explica Adele Benzaken, presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente
Transmissíveis.
Em razão disso, Villa critica o
teste indiscriminado para o HPV
nessa faixa etária. "Em mulheres
jovens, só causa ansiedade."
Villa, que desde 93 participa de
um estudo prospectivo sobre o vírus com 2.000 mulheres, diz que
isso não significa que a mulher jovem não tenha de continuar a fazer o acompanhamento normal
no ginecologista, com os exames
periódicos, como o papanicolau,
que detectam também sinais de
outras DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).
Indicação
Na opinião da bióloga, o exame
do HPV deve ser indicado principalmente para as mulheres que
têm mais de 30 anos e que registraram um papanicolau suspeito,
que tenha presença de células de
origem indeterminada.
Segundo Benzaken, o consenso
da sociedade que preside é que,
mais importante do que garantir
o exame do HPV, é conseguir que
todas as mulheres façam o papanicolau, capaz de detectar várias
doenças, pelo menos de dois em
dois anos. "No Chile as mulheres
recebem cartas quando não fazem o exame."
Segundo o oncologista ginecológico Luiz Augusto Freire, do
Hospital do Servidor Estadual, o
tratamento tradicional do HPV,
quando há lesões, por exemplo, se
baseia na destruição do tecido
doente (por congelamento, laser,
cauterização elétrica ou ácido) e
em medicamentos que melhoram
o sistema de defesa.
Villa afirma que não existem estudos suficientes para comprovar
a eficácia de alguns tratamentos,
caso de medicamentos que fazem
uma estimulação local do sistema
imunológico. "Não há tratamento
específico", diz.
O vírus pode se alojar tanto no
colo do útero como na vagina e na
vulva. Os grupos de papiloma vírus relacionados ao câncer de útero não manifestam sintomas,
alerta Freire. "Quando aparecem,
o câncer já está instalado."
Por isso, orienta, é fundamental
a realização periódica do papanicolau e, se detectada alguma alteração, uma colposcopia com
biópsia da área suspeita.
É comprovado que 99% das
mulheres que têm o câncer do colo uterino foram antes infectadas
pelo HPV.
(FABIANE LEITE, CLÁUDIA COLLUCCI E AURELIANO BIANCARELLI)
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