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DANUZA LEÃO
O que rola
Ninguém sabe muito bem
em quem vai votar, e as pessoas navegam de Serra a Lula e
Ciro sem saber que rumo tomar.
Quando se fala em Lula, existem muitos e variados argumentos para votar nele ou não. Pontos a favor: um nordestino que
chegou a São Paulo num pau-de-arara e fez uma grande carreira
política; sua honestidade; seu empenho real em mudar o Brasil; a
possibilidade de conseguir; tudo
que aprendeu nos últimos anos;
ser um homem que não mente;
mexer nas estruturas do país e
dar uma chance aos mais pobres,
através de sua experiência.
Pontos contra: está vestindo Armani; fez alianças que não poderia ter feito; sua mulher, Marisa,
está comprando roupa na Daslu;
Duda Mendonça é quem está
mandando nele; não sabe falar
nem inglês nem francês - e fala
mal o português; depois de Fernando Henrique, cheio dos diplomas, não é possível ter um presidente que não estudou e não deve
saber direito segurar o garfo e a
faca - e por aí vai.
Os pró-Ciro não se cansam de
falar de sua dedicação a Patrícia
Pillar quando ela esteve doente;
dos anos que passou aprendendo,
em Harvard; do fato de ser jovem,
combativo e disposto; de não ter
nenhum compromisso com ninguém; de suas certezas inabaláveis; de sua coragem de recusar
apoio financeiro dos bancos; de
ser bonito, sexy, e ter conquistado
Patrícia Pillar, claro.
Já os que são contra não acreditam em nada do que ele diz;
acham que o candidato repete
demais que foi ministro da Fazenda - quando só esteve no
cargo durante quatro meses; da
sua agressividade, que beira a arrogância e a grosseria, quando é
preciso; de sua estudada simplicidade, quando vai ao teatro ou
passear na praia de Ipanema, como se não fosse candidato; da facilidade com que fala sobre qualquer assunto, como se fosse o único dono da verdade; e de, frequentemente, mentir.
E tem Serra: os que gostam
acham que ele é o mais preparado dos candidatos; que conhece o
mecanismo do governo como
ninguém; que fala as línguas e vai
fazer bonito pela imagem do país;
que sabe tudo o que Fernando
Henrique sabe, com a vantagem
de saber dizer não, quando preciso; que sua alardeada antipatia e
falta de paciência é exatamente o
que faltou a FHC, que passou oito
anos fazendo charme para os
aliados e os adversários; que é o
mais capaz de segurar nas mãos
as rédeas do país.
Mas dizem também que Serra é
teimoso e turrão; que não tem capacidade para negociar com os
adversários; que é um inimigo feroz e vingativo; que mais quatro
anos com os tucanos no poder é
dose, e que sua política econômica vai ser igual à de Fernando
Henrique, que deu no que deu.
Com todos esses dados a favor e
contra, os eleitores oscilam, o país
ferve e o dólar sobe, mas é preciso
não confundir quem se sai melhor num debate com a capacidade de governar um país. Existem
pessoas que têm o raciocínio rápido e também respostas na ponta
da língua para qualquer pergunta -o que não quer dizer, necessariamente, que seja o mais capacitado. Outros têm charme, com
alguma ironia, são capazes de
empolgar a platéia, só que um debate não é um "talk show".
Debate não é concurso para eleger o mais simpático, o mais bonito, o que faz as melhores promessas, o mais esperto, o que tem
mais presença de espírito. Até
agora não dá para saber em
quem se vai votar - ou se adianta votar.
E-mail -
danuza.leao@uol.com.br
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