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Eu defendo o fumo em qualquer lugar, diz Lula
Presidente afirma que decreto que proíbe fumo no Planalto não vale em sua sala
Fumando cigarrilha durante a entrevista concedida
no Palácio do Planalto,
Lula afirma que "na minha [sala], sou eu que mando"
LUIZ CARLOS DUARTE
EDITOR-GERAL DO "AGORA"
"Eu defendo, na verdade, o
uso do fumo em qualquer lugar.
Só fuma quem é viciado." Essa
foi a resposta do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva ao ser
indagado qual a sua opinião sobre o projeto federal que proíbe
o fumo em lugares fechados, a
exemplo do que foi proposto
pelo governador José Serra
(PSDB), na semana passada.
Durante a pergunta que lhe
foi formulada, Lula fumava
uma cigarrilha. Ele concedia
entrevista coletiva a jornalistas
de oito jornais populares do
país, no Palácio do Planalto, ontem de manhã. Naquele momento, não havia repórteres-fotográficos na sala.
O projeto do Ministério da
Saúde tramita na Casa Civil,
desde fevereiro, e propõe a extinção dos fumódromos em recintos fechados, liberando o cigarro, com algumas exceções,
apenas em casa ou na rua.
Lula não quis manifestar sua
opinião sobre o mérito do projeto. "Eu não vou propor. A
idéia do Ministério da Saúde é a
proibição do fumo em todos os
lugares fechados. Eu mando o
projeto para o Congresso e não
voto." Ao ser questionado sobre
um decreto que proíbe o fumo
no Planalto, o presidente respondeu: "Menos na minha sala.
Eu, se for na sua sala, certamente não fumarei porque respeito o dono da sala. Mas, na
minha, sou eu que mando".
A Casa Civil afirmou que o
projeto federal "está em análise, sem previsão de ser enviado
ao Congresso". Informou ainda
que o Palácio do Planalto observa a lei 9.294, de 15 de julho
de 1996, e o decreto nº 2.018, de
1996. A lei proíbe o uso de cigarro ou qualquer outro produto do gênero em recinto coletivo, privado ou público, salvo
em área destinada exclusivamente a esse fim, "devidamente isolada ou com arejamento
conveniente". Na prática, não é
cumprida no Planalto.
A assessoria do ministro José
Gomes Temporão (Saúde) informou que a pasta está priorizando seus esforços na aprovação da emenda 29, que destina
mais recursos à saúde. Depois,
a prioridade será a lei contra o
tabagismo. Segundo a economista Márcia Pinto, o fumo traz
prejuízo anual de R$ 338,6 milhões ao SUS, em internações e
quimioterapia.
Futebol
Após dizer que respeita Dunga e o considera um vencedor,
Lula avalia que "Luxemburgo é
o melhor técnico do Brasil na
atualidade". O presidente é corintiano, e Luxemburgo é treinador do Palmeiras, maior rival
do Corinthians. Lula também
elogiou Felipão, ex-técnico da
seleção e hoje no Chelsea.
Para o presidente, Dunga não
é a causa do mau desempenho
da seleção brasileira. "Estamos
numa entressafra difícil de jogadores", disse. E classificou de
preocupante o fato de jogadores estarem recebendo altas
quantias precocemente. "Tem
jogador ganhando muito dinheiro sem, antes, provar que é
bom. Vejo titular da seleção
brasileira que é segundo reserva em time da Inglaterra."
Se fosse técnico, Lula afirmou que tentaria montar uma
seleção com jogadores que estão atuando somente no Brasil,
como uma forma de barrar a
idéia de que jogador, para ser
convocado, precisa estar atuando no exterior.
Para ele, também falta alma
ao jogador brasileiro. "Quando
vejo o Messi -na minha opinião, o melhor jogador do mundo- perder uma bola, ele sai
correndo até recuperar ou fazer falta. Os nossos perdem a
bola e cruzam os braços", referindo-se ao atacante argentino.
Lula defendeu que o Corinthians utilize o estádio do Pacaembu em comodato [empréstimo sem custo], caso não
consiga construir sua arena.
Segundo ele, o governador Serra lhe teria dito que está disposto a oferecer o Pacaembu nessas condições. Só que o Pacaembu é administrado pela
prefeitura, e não pelo Estado.
O presidente disse considerar uma vergonha que clubes de
massa, como o Corinthians e o
Flamengo, não possuam casa
própria. "É mais uma vergonha
não fazerem um chamamento à
torcida para contribuir e construir um estádio."
Para ele, um estádio próprio
representa entre 30% e 40% do
sucesso de um time.
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