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Comunidade tem
600 moradores e
nenhum emprego
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALCÂNTARA
Remanejados em setembro de 85 para uma área distante da pesca e da caça, os
moradores da agrovila do
Cajueiro são hoje um retrato
do empobrecimento dos
descendentes de moradores
de quilombos.
Atualmente, 76 famílias vivem no local, o que representa cerca de 600 pessoas.
Assim como nas demais
agrovilas, não há rede de esgoto nem água tratada. A luz
elétrica é o único benefício.
Em caso de emergência médica, os moradores precisam
se locomover até o centro de
Alcântara.
Uma simples pescaria requer sacrifício: passar de três
a quatro dias longe de casa a
fim de retornar com certa
quantidade de alimentos.
Não há circulação de dinheiro. Todos estão desempregados. Cada um tem sua
função dentro da agrovila,
desde a plantação e a pesca
até a lavagem de roupas e a
preparação dos alimentos.
De acordo com José Silva,
58, conhecido como Guri, as
plantações que ocupam hoje
os quintais das famílias
abastecem apenas os próprios moradores. "Não há
mais como vender parte da
colheita nas feiras de São
Luís. A terra que nos deram
é muito ruim. O que colhemos só dá para alimentar
nossas crianças", disse Guri,
que é bisneto de escravos.
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