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JOSÉ CARRILHO PEDROSA (1953-2008)
Zé Pedrosa é do povo de Palmares
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi muito a contragosto
que tiraram José Pedrosa de
casa naquela manhã de 2007.
Com impropérios e graves
ameaças de bala, dois dos
seis encapuzados que decidiram seqüestrá-lo interromperam-no em meio à leitura
habitual dos jornais.
Depois de devastarem o
que estava pela frente, meteram-no dentro de um carro
logo que descobriram que
não havia dinheiro na casa.
Cerca de 25 km depois, o
grupo de bandidos reparou
num pequeno equívoco: o seqüestrado era o prefeito de
União dos Palmares (AL),
não o agiota que procuravam. José Pedrosa foi deixado só, no meio da estrada,
sem pedidos de desculpas.
Pegou carona e voltou para
casa, onde foi recepcionado
por uma multidão de aflitos.
Figura popular, o engenheiro agrônomo governava
pela segunda vez, pelo PTB, a
pequena cidade onde um dia
escravos fugidos ergueram o
Quilombo de Palmares e
Zumbi fez-se herói.
Misturava-se aos moradores sem grandes distinções.
Era sempre visto com amigos no bar dos Vaqueiros, onde gostava de tomar cachaça
e jogar bilhar.
Eleito com 10.697 votos
em 2004, acompanharam-no em cortejo 25 mil pessoas,
segundo a PM -quase a metade da população de União
dos Palmares-, na semana
passada, em seu enterro, sob
o coro de "Zé Pedrosa não
morreu". O infarto que sofreu, contudo, foi fulminante
e o matou na terça passada,
aos 55. Deixou dois filhos.
obituario@folhasp.com.br
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