|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
A dificuldade de comunicação e de percepção dos estímulos do meio são fatores que levam ao isolamento
Perda auditiva pode causar distúrbios
BERTA MARCHIORI
DA REDAÇÃO
A perda auditiva na terceira idade é um sério fator de limitação
que pode contribuir até para o desenvolvimento de alguns distúrbios psiquiátricos.
A dificuldade de comunicação e
de percepção dos estímulos do
meio são fatores que levam ao isolamento do indivíduo. Os familiares, às vezes, não têm paciência
ou, com preguiça, desistem de ter
uma conversa normal com o idoso, como explica a psicóloga Maria Célia de Abreu, 58.
Segundo ela, algumas vezes, os
familiares passam a informar o
idoso apenas dos assuntos essenciais da casa, sem diálogo. Associada a outros fatores como baixa
auto-estima e dificuldade de aceitação do próprio envelhecimento,
o isolamento decorrente da perda
auditiva propicia o surgimento de
um quadro depressivo.
"A perda auditiva também é um
fator de risco para o desenvolvimento de delírios e alucinações
auditivas", diz Cássio Machado
de Campos Bottino, 39, psiquiatra
do Hospital das Clínicas de São
Paulo especializado no atendimento à terceira idade. O mecanismo que causa as alucinações
não é bem conhecido, porém seu
surgimento é mais comum nos
pacientes que têm muita dificuldade para ouvir.
Esforço familiar
Para os especialistas, é preciso
que a família se esforce para inserir o idoso na comunicação do
dia-a-dia. Ela também é importante para detectar o problema, já
que muitos que sofrem da deficiência não percebem que estão
com dificuldades para ouvir.
"Eles nos procuram dizendo
que estão sem memória ou com
depressão e não relacionam o
problema à perda auditiva", afirma João Toniolo Neto, chefe da
disciplina de geriatria da Universidade Federal de São Paulo. Na
consulta do geriatra, a checagem
da audição é uma das prioridades,
já que a perda auditiva pode estar
por trás de outras queixas.
Todas as pessoas, de forma gradual, apresentam uma diminuição da capacidade auditiva com o
passar dos anos, a chamada presbiacusia. Essa perda começa a
ocorrer por volta dos 50 ou 60
anos de idade, e sua intensidade e
progressão variam.
Segundo o otorrinolaringologista do HC Arthur Castilho, 31, a
presbiacusia acontece pela morte
das células ciliadas externas, que
ficam na orelha interna (o ouvido). Essas células são responsáveis pela transformação dos estímulos sonoros em impulsos nervosos que chegarão ao cérebro.
O processo de reabilitação da
perda auditiva, feito com o uso do
aparelho de amplificação sonora
individual (veja quadro), melhora
muito a qualidade de vida.
Grande parte dos idosos costuma ter outros distúrbios associados que também ocasionam a
perda auditiva, como o diabetes e
outros males que causam alterações metabólicas. Nesses casos,
além do uso da prótese, a doença
tem de ser tratada. Por isso é preciso que o médico verifique se há
outros fatores que estejam contribuindo para a perda auditiva, diz
o otorrinolaringologista da Unifesp Yotaka Fukuda, 58.
A otoesclerose (doença degenerativa do aparelho auditivo) também contribui para a redução da
capacidade de ouvir. Ela não é
própria da idade avançada, podendo aparecer nos mais jovens.
O uso de determinados medicamentos também pode ser prejudicial. Além disso, se o idoso foi,
ao longo de sua vida, muito exposto a ruídos, tende a apresentar
um maior grau de perda auditiva.
Um problema comum que causa redução auditiva temporária
tem uma solução muito simples.
A rolha de cera, que "entope" os
ouvidos, pode ser removida rapidamente pelo otorrinolaringologista no consultório.
Onde buscar ajuda: Hospital das Clínicas
- 0/xx/11/3069-3030; Derdic (PUC-SP)
-0/xx/11/5549-9488
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Preço faz idosa preferir não usar aparelho Índice
|