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RELIGIÃO
Em SP, prefeitura liberou 76 alvarás para abertura de templos em 2002
A cada 5 dias, 1 igreja é inaugurada
EDUARDO ATHAYDE
DO "AGORA"
A cidade de São Paulo está justificando o seu nome religioso. Basta uma volta mais atenciosa pelas
ruas e avenidas da capital para
constatar que, independentemente de sua crença, as igrejas
imergiram o município em um
emaranhado sinal da fé brasileira.
Segundo a Secretaria Municipal
da Habitação, em apenas um ano,
a cidade teve um aumento de 78%
na liberação de alvarás que permitem a abertura de igrejas. Em
1999, segundo a prefeitura, foram
liberadas 46, e, em 2000, 82.
O crescimento, apesar de inferior, também pôde ser verificado
em 2001. Naquele ano, a Secretaria da Habitação informou ter liberado 84 alvarás, dois a mais do
que no ano anterior.
A escalada ascendente verificada em 2000 e 2001, contudo, sofreu um ligeiro declínio em 2002.
No ano passado, 76 novas igrejas
foram erguidas em São Paulo, ou
uma a cada cinco dias.
Escala industrial
Nenhum outro ramo comercial
ou industrial cresceu tanto em
São Paulo nos últimos anos como
as igrejas. Apesar de ter sido feita
em âmbito nacional, a Pesquisa
Anual Industrial, realizada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), serve como
parâmetro para mostrar o avanço
dos templos religiosos.
Segundo o IBGE, em 1999, somados todos os setores industriais avaliados, havia no Brasil
117.838 empresas. Em 2000, esse
número subiu para 124.778. Ou
seja, houve um aumento de 5% na
quantidade de empresas, 72% a
menos do que o registrado no
mesmo período quando o assunto são as igrejas paulistanas.
A expansão das igrejas pode ser
ainda maior. Atualmente, não há
nenhuma estatística que aponte
com precisão quantas são as igrejas em território paulista ou nacional. A pesquisa mais abrangente sobre o tema trata apenas
dos fiéis e faz parte do Censo 2000,
feito pelo IBGE.
Nela, os católicos representam
73,57% dos religiosos brasileiros.
Os protestantes são 19,8%.
Ferro-velho
A princípio, quem passa em
frente à Igreja Evangélica Cristo É
a Luz do Mundo, no Itaim Paulista (zona leste), pode muito bem
achar que, em vez de um templo
religioso, lá funciona um bar.
Uma porta de ferro verde, típica
de boteco, mantém a igreja fechada. "Os cultos são às quintas e domingos", disse o reverendo -como prefere ser chamado- José
Domingos da Silva, 57.
Silva está longe do estereótipo
de um pastor. Para se sustentar,
ele vende ferro-velho. Por isso,
sua aparência nada lembra a dos
pastores engravatados.
Segundo Silva, a igreja está lá
desde 1999. "Temos cerca de dez
seguidores", disse. Um deles é a
dona-de-casa Marlene Francisca,
que frequenta a igreja há três
anos. "Gosto muito do reverendo
e me sinto bem na igreja", disse.
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