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SAÚDE/CICLO MENSTRUAL
Médicos divergem sobre a interrupção da menstruação
Polêmica surgiu desde que ginecologista defendeu que ciclo é algo antinatural
Há divergências também sobre que métodos podem ser usados com maior eficiência, além das vantagens e desvantagens
DA REPORTAGEM LOCAL
A interrupção da menstruação é um tema controverso entre os médicos desde que o ginecologista Elsimar Coutinho deu força a essa discussão há 40
anos no Brasil, defendendo que
menstruar é algo antinatural
(veja entrevista nessa página).
Há divergências também sobre que métodos poderiam ser
usados com maior eficiência, as
vantagens e desvantagens e os
efeitos colaterais.
O ginecologista Sérgio Rocha, por exemplo, chefe do instituto gaúcho que leva o seu nome, defende que a mulher deve
"se apropriar" de seu corpo.
"No momento em que ela se
conscientiza de que pode
menstruar quando quiser e que
isso não trará nenhum desconforto físico e psíquico, ela muda
sua qualidade vida. O tratamento evita a oscilação hormonal que causa os sintomas da
TPM, trazendo benefícios na
vida profissional e pessoal."
Ele diz que a mulher tem que
pesar os riscos e os benefícios, e
que é preciso uma atenção especial a hipertensas, fumantes,
obesas e diabéticas.
Rocha explica que a maioria
dos tratamentos disponíveis
para manipular o ciclo menstrual seguem o mecanismo da
pílula. Eles "enganam a hipófise", glândula que comanda a
produção de hormônios que
permitem a ovulação -processo que culmina na menstruação quando não há fecundação.
Para o ginecologista Malcolm Montgomery, uma das
técnicas mais indicadas são os
implantes feitos na nádega. Ele
diz que o método permite selecionar o tipo e a quantidade de
hormônios e ser montado tendo em conta o perfil e as necessidades da paciente.
"Temos uma taxa de sucesso
superior a 95%. A quantidade
de hormônio escolhida varia de
acordo com a idade, o índice de
massa corpórea, se a pessoa fuma ou se é sedentária. Os efeitos colaterais são benéficos. É
possível propiciar mais libido
ou favorecer o emagrecimento", afirma o ginecologista que
tem diversas modelos como
clientes e diz não ver nenhum
prejuízo orgânico a mulher na
interrupção da menstruação.
TPM
Mara Diegoli, coordenadora
do Centro de Apoio à Mulher
com TPM do Hospital das Clínicas, afirma que, se o objetivo
for combater a TPM, "o único
tratamento reconhecido internacionalmente como padrão",
ou seja, a primeira opção para
tratar os sintomas principais
são os inibidores da recaptação
da serotonina- determinados
tipos de antidepressivos.
Segundo ela, há pacientes cujos sintomas predominantes
são físicos, nos quais a interrupção traz benefícios. Porém,
a ausência do estrogênio produzido pelos ovários e o excesso de progesterona ingerido
podem provocar sintomas como calores, aumento do peso,
diminuição da libido, etc.
"Embora em muitos casos
necessária, a interrupção só deve ser feita quando as vantagens do método forem maiores
que os prejuízos." Alguns deles
foram detectados em pesquisa
realizada no HC entre 2000 e
2003, com mais de 300 mulheres, e são descritos abaixo.
Já o ginecologista Eliezer Berenstein, que no passado já foi
contrário à supressão do ciclo
menstrual, hoje considera razoável a tri-menstruação, ou
seja, que a mulher menstrue a
cada três meses. "Desde que ela
tenha indicação para isso", diz,
referindo-se às mulheres com
doenças como a endometriose.
Berestein afirma continuar
avesso à indicação de implantes
à base de hormônios masculinos. "Isso causa a virilização da
mulher. Há hipertrofia do clitóris, das cordas vocais. Muitas
mulheres que usaram estão arrependidas."
(MP e CC)
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