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Doações de sangue caem pela metade em todo o país
Vacina da rubéola impede doações durante 1 mês
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A vacinação em massa contra
rubéola, iniciada há quase um
mês e que termina no próximo
dia 12, fez cair pela metade a
doação de sangue em todo país.
Em alguns Estados, como São
Paulo, Santa Catarina e Minas,
cirurgias eletivas e transplantes já começam a ser adiados.
A queda tem ocorrido porque, após a imunização, é preciso esperar pelo menos um mês
para fazer a doação de sangue.
E são justamente as pessoas
entre 20 e 40 anos, público-alvo da campanha contra rubéola, as maiores doadoras de sangue. A vacina contém o vírus
atenuado da rubéola, que pode
ser prejudicial aos doentes.
No Hospital São Paulo, ligado
à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o cancelamento de cirurgias começou
ontem em razão da queda de
50% no número de doações.
"Estamos no ápice da crise e a
prioridade são as cirurgias de
emergência", afirma Maria Angélica Soares, coordenadora do
hemocentro do hospital.
Na Santa Casa de São Paulo,
onde a queda nas doações é
também de 50%, a previsão é
que o adiamento das cirurgias
comece a partir de segunda.
Outra preocupação é com a falta de plaquetas, componente
sangüíneo fundamental para
pacientes com leucemia.
Na Grande Florianópolis
(SC), todas as cirurgias programadas de hospitais e clínicas
foram canceladas ou adiadas.
Se as doações não aumentarem, o adiamento pode ser estendido para todo o Estado, segundo o Hemosc (Centro de
Hematologia e Hemoterapia de
Santa Catarina).
Em nota, o Hemosc informa
que as doações diminuíram, em
média, 54%. O ideal de coleta,
segundo o centro, é 120 bolsas/dia. A média caiu para 65
bolsas/dia. O público-alvo da
campanha contra rubéola representa 75% dos doadores de
sangue. O Hemosc é responsável por 90% do sangue transfundido no Estado.
Em Belo Horizonte (MG), o
estoque de sangue está 70%
abaixo do necessário. Em todo
o Estado as doações caíram pela metade. As cirurgias e os
transplantes de órgãos também
estão sendo cancelados em razão da falta de sangue.
Internada há oito dias em
hospital da capital mineira, a
dona-de-casa Eni de Fátima
Santos teve a cirurgia cardíaca
cancelada por quatro vezes.
"Preciso de sangue para poder
operar e não estou consigo."
Falta de informação
Para os hemocentros, faltou
informação aos doadores sobre
a impossibilidade de doar sangue um mês após a vacinação
contra rubéola.
"Não houve divulgação em
massa sobre esse impedimento. Muita gente está querendo
doar, mas infelizmente não pode. Nem podemos pegar [sangue] emprestado porque está
todo mundo sem" diz Maria
Angélica, da Unifesp.
Renata Antunes, responsável
pelo serviço de captação de
doador da Santa Casa, também
diz que as pessoas não foram
informadas o suficiente sobre a
restrição da doação de sangue
após a vacina. Segundo ela, 60%
dos doadores estão sendo recusados porque foram vacinados
contra a rubéola.
Renata diz que o hemocentro
está apelando para que as pessoas que estejam fora da idade
preconizada para a vacina de
rubéola -jovens entre 18 e 19
anos e adultos entre 40 e 65
anos- doem sangue.
De acordo com o Ministério
da Saúde e a Secretaria da Saúde de São Paulo, houve orientação para que os hemocentros
informassem seus doadores sobre a restrição na doação de
sangue após a vacinação.
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