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Policial militar envolvido na prisão dos 3 jovens já foi denunciado à Ouvidoria
KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos policiais militares
suspeitos de torturar três jovens em Guarulhos para que
eles confessassem um crime
que não cometeram já foi denunciado três vezes à Ouvidoria das polícias do Estado de SP,
acusado de matar pessoas sem
que houvesse confronto ou troca de tiros. Ele nega e afirma
que as mortes ocorreram durante confrontos. Foi absolvido
pela Justiça Militar.
A Ouvidoria é um órgão responsável por receber denúncias, a maioria anônimas, sobre
irregularidades cometidas pelas polícias Civil e Militar ou
por seus representantes.
As três denúncias contra o
sargento Richardson Alves de
Alcântara, 35, foram feitas nos
anos de 2003, 2004 e 2005.
Chegaram a ser encaminhadas
à Corregedoria da Polícia Militar, que apura desvios de conduta e pune administrativamente até com expulsão.
Richardson foi absolvido pelo Tribunal de Justiça Militar,
que arquivou o processo contra
ele alegando que os quatro homens atingidos nas três ações
policiais foram mortos em confrontos durante troca de tiros.
De acordo com o corregedor-geral da PM, coronel Paulo Menegucci, apesar de ter sido absolvido na Justiça Militar, o
processo seguiu para a Justiça
comum. "Como os casos envolvem homicídios, seguiram para
o fórum de Guarulhos, que irá
julgar criminalmente se o policial agiu em legítima defesa."
Procurado ontem, o Tribunal
de Justiça estadual informou
que não teria tempo hábil para
checar se o processo estava lá.
O ouvidor Antonio Funari
Filho disse que vai pedir à Corregedoria explicações sobre o
arquivamento do processo contra o sargento. "É preciso saber
o que houve para ocorrer isso."
Quando um PM se envolve
em uma ação em que alguém é
ferido ou morto é de praxe que
seu batalhão abra um procedimento apuratório. No caso do
sargento, além da apuração da
PM, foram feitas denúncias
anônimas de assassinato por
três anos seguidos contra ele.
A Folha teve acesso aos três
boletins de ocorrência da época. Em 19 de abril de 2003, Richardson e outro PM mataram
Rogério Valério Costa, suspeito
de ameaçar uma pessoa. Ele teria atirado nos policiais quando
estes o abordaram. Segundo o
documento, os PMs reagiram.
Em 14 de novembro de 2004,
o servente Samuel Munhoz
Carneiro, 43, e o pedreiro José
Eliezer da Silva, 28, foram mortos por Richardson e mais quatro PMs, que disseram terem
sido recebidos a tiros por eles.
A dupla era suspeita de tentativa de roubo a um carro.
No caso mais recente, de 16
de agosto de 2005, Richardson
e três PMs mataram a tiros o
ex-detento Aparecido Luiz, 40,
que, segundo os policiais, atirou primeiro contra eles. O BO
diz que Luiz foi parado porque
estava em atitude suspeita.
De acordo com os três boletins de ocorrência, nenhum
dos PMs foi ferido.
Parentes da vítima, ouvidos
pela reportagem, disseram que
o ex-detento não possuía armas e tomava um refrigerante
quando foi morto à noite.
Um familiar disse que Luiz
havia cumprido pena de 19
anos por latrocínio (roubo seguido de morte) e ficou marcado pelos PMs por causa disso.
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