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Policiais civis e governo não chegam a acordo na Justiça
Categoria deve decidir no início da próxima semana se volta a paralisar atividades
Governo de São Paulo ofereceu pagar mais R$ 500 milhões em reajustes, mas categoria reivindica gasto equivalente a R$ 3 bilhões
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado não
conseguiu chegar ontem a um
acordo com os policiais civis sobre reajuste salarial. A audiência realizada no TRT (Tribunal
Regional do Trabalho) contou
com a presença de 17 entidades
que representam a categoria.
O estado de greve foi mantido, e os policiais decidirão no
início da próxima semana se
voltam a paralisar as atividades
-mantendo um efetivo de
80%, como determinado pela
Justiça-, se adotam regime de
operação-padrão nas delegacias ou se esperam que o dissídio seja julgado pelo TRT.
Ocorrências
O estado de greve começou
em 13 de agosto, quando os policiais paralisaram parcialmente o registro de ocorrências nas
delegacias durante meio dia.
Ontem, o governo apresentou uma nova proposta de reajuste salarial: R$ 500 milhões a
serem divididos em 2009 entre
cerca de 222 mil policiais civis e
militares, ativos e inativos. O
dinheiro seria usado primordialmente para uma reestruturação das carreiras policiais.
Segundo cálculos dos sindicalistas, esse valor representaria um aumento de pouco mais
de 7% na folha de pagamento
da polícia, que é de aproximadamente R$ 7 bilhões.
O governo, porém, não falou
ontem em porcentagens, pois,
pela proposta da Secretaria de
Gestão Pública, elas serão definidas em reuniões posteriores.
A contraproposta definida
em seguida pelas entidades sindicais foi um aumento de 15%
ainda neste ano (retroativo a 1º
de março), além de 12% em
2009 e mais 12% em 2010. Isso
significa que o governo teria
que desembolsar uma verba de
R$ 3 bilhões. A reivindicação
inicial de reajuste feita pelos
policiais era de 60%.
Após ouvir a proposta dos
sindicalistas, o TRT, por meio
da juíza Dora Vaz Treviño, ofereceu sua própria proposta às
partes: a soma de R$ 840 milhões à folha de pagamento da
polícia em 2009 -aumento de
cerca de 12%.
A audiência de ontem foi para discutir apenas questões salariais. Outras propostas da categoria, como a eleição do delegado-geral e a discussão dos
critérios de transferência de
posto dos policiais ficaram de
fora. A gestão José Serra
(PSDB) já adiantou que as propostas são irreais.
Como não se chegou a um
acordo, o TRT deu um prazo de
mais cinco dias para as partes
apresentarem a defesa formal
de sua contraproposta. A data
do novo julgamento do TRT
ainda não foi definida.
Críticas
O secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, afirmou que
o governo não oferecerá mais
dinheiro, além da proposta de
R$ 500 milhões. Ele criticou a
contraproposta feita pelas entidades de policiais.
"[A contraproposta é] Fora
da realidade, eu lamento. Poucas vezes abrimos tanto a possibilidade de diálogo e infelizmente não tivemos a correspondência... O que me parece é
que não existe interesse de
acordo. Parece é que estão forçando a greve", disse Beraldo.
"Foi lamentável a postura do
governo na sua intransigência.
O governo avançou muito pouco [na proposta], e o que ele
ofereceu não cobre nem a inflação deste ano, quanto mais as
perdas salariais, que ultrapassam os 60%", disse o delegado
André Dahmer, da Associação
dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.
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