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bastidores
Lula vê exagero, mas não vai interferir
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversas reservadas,
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, como
primeira impressão, houve
exagero do Congresso ao elaborar a lei seca, segundo apurou a Folha.
No entanto, o presidente
avalia que é preciso esperar
as estatísticas sobre acidentes de trânsito para dimensionar se vale a pena o excesso que ele enxergou à primeira vista na lei seca -endurecimento do limite de
consumo de álcool antes de
dirigir e da punição aos
eventuais infratores.
Desde o dia 20, passou a
vigorar no país a nova lei,
uma das mais rígidas do
mundo, que prevê limite de
dois decigramas de álcool
por litro de sangue (ou 0,1
mg de álcool por litro de ar
expelido no bafômetro) para
quem for dirigir.
O flagrante acima desse limite acarreta multa de
R$ 955, a perda do direito de
dirigir por um ano e a retenção do veículo. Isso equivale,
em média, a um copo de chope ou uma taça de vinho ou
uma dose de bebida destilada -pode haver variações de
pessoa para pessoa.
Na legislação anterior, o limite era de seis decigramas
de álcool por litro de sangue
(o equivalente a 0,3 mg/l de
álcool por litro de ar expelido no bafômetro) -volume
proporcionado por dois copos de chope ou duas taças
de vinho ou ainda duas doses
de bebida destilada e que,
agora, pode levar o motorista
flagrado para a cadeia.
De acordo com um ministro próximo ao presidente,
ele não pretende interferir
para eventual alteração da
lei. O governo julga que caberia somente ao Congresso
uma reavaliação do texto.
Cervejinha
Se Lula for indagado, a tendência é dizer que bebida e
volante não combinam. O
presidente costuma dizer em
seus discursos que o trabalhador tem direito a "uma
cervejinha", mas deverá engrossar o coro dos que condenam motoristas que abusam do álcool.
Quando o governo enviou
sua proposta ao Congresso
para proibir a venda de bebidas alcoólicas nas estradas,
houve polêmica no Legislativo. O lobby da indústria de
bebidas pressionou por modificações que acabaram
amenizando a idéia do Palácio do Planalto, mas o Congresso tornou mais rígidas as
regras para os consumidores
de bebida.
As primeiras estatísticas
de Estados a respeito de acidentes de trânsito têm mostrado queda. No governo, o
ministro da Justiça, Tarso
Genro, é defensor da lei seca.
Os órgãos de trânsito estão
na sua alçada ministerial.
Tarso disse a Lula que acha
boa a lei seca. O ministro da
Justiça acredita, de acordo
com relato de colegas de governo, que haverá uma queda significativa da violência
no trânsito.
Nos bastidores do PT, Tarso é apontado como eventual
candidato ao governo do Rio
Grande do Sul em 2010.
Na hipótese de a preferida
de Lula, a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), não
viabilizar sua candidatura,
Tarso seria uma alternativa.
No entanto, há resistência no
PT nacional a lhe dar a legenda para concorrer ao Palácio
do Planalto.
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