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TERUÔ FURUSHÔ (1942-2008)
O caratê-cidadão do mestre Teruô
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O amigo insistiu uma,
duas, dez vezes, e insistiu
tanto durante quase um ano
que Teruô Furushô finalmente cedeu, arrastou a mesa para o canto da pequena
sala e começou, ali mesmo
no trabalho, a ensinar caratê.
A idéia ganhou força, e logo vieram as primeiras aulas
em local apropriado, para
um grupo de interessados,
no Hospital Central da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.
O caminho que levou o militar de reserva da Força Aérea Brasileira ao caratê ganhou forma, pouco a pouco,
graças ao pai. Filho brasileiro
de imigrantes japoneses que
se instalaram na região de
Marília (SP) para trabalhar
na lavoura, Teruô teve educação de samurai, voltada para servir ao próximo antes de
satisfazer os próprios desejos. "Mestre Teruô não formava lutadores, formava cidadãos", lembra um amigo.
Muito humilde, dispensava luxos. Certa vez, ao dar aulas no Pará, hospedaram-no
sozinho numa "mansão", para agradá-lo. No dia seguinte,
aborrecido, confidenciou ao
amigo que preferia ter ficado
num hotelzinho qualquer na
companhia dos colegas.
Formado em direito (não
exerceu), Teruô foi um dos
fundadores da Confederação
Brasileira de Karate e era o
representante oficial do estilo Shotokan (o mais praticado no mundo) no país.
Internado com problemas
no coração, ficou em coma
por 38 dias. Morreu no domingo, no Rio, aos 66 anos,
de falência múltipla dos órgãos. Não deixou filhos.
obituario@folhasp.com.br
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