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ODÍVIA CARRANO DE ALBUQUERQUE (1912-2008)
A boa memória da professora de Recreio
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Odívia Carrano deixou ao
todo sete filhos, 23 netos e 27
bisnetos. Não só se recordava de todos os aniversários,
como ligava para cada um da
família para dar os parabéns.
"Ela deve ter anotado tudo
numa agenda", brinca o filho,
impressionado com a boa
memória da mãe.
Odívia era a matrona da família. Em janeiro último,
pouco antes de completar 96
anos, perdeu um filho em
Juiz de Fora (MG). Apesar da
idade, fez questão de viajar e
acompanhar o enterro. A
melhor herança que se podia
deixar, dizia, era a boa educação e formação dos filhos.
Nascida em Recreio (MG),
formou-se professora em
1928. Dois anos depois, casou-se com um oficial da Marinha, que, anos antes, havia
sido preso -e, posteriormente, se desligado da corporação- por ter se recusado a executar ordens de
bombardear São Paulo durante uma agitação revolucionária em 1924.
Anistiado, o marido montou uma cerâmica. Em 1957,
Odívia se aposentou, e o casal
se mudou para o Rio para
acompanhar os filhos nos estudos. Em 1978, ficou viúva.
Atualmente, após perder
uma filha, morava com o neto e com o genro -que cuidou das contas de Carlos
Drummond de Andrade. Foi
amiga do poeta, com quem
conversava sobre Minas.
No último dia 22, depois da
caminhada diária pelo Leblon, sentiu-se um pouco indisposta. Deitou na cama e
morreu tranqüilamente, aos
96 anos, no Rio.
obituario@folhasp.com.br
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