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SAÚDE / PREVENÇÃO
Hospitais oferecem programa de check-up para adolescente
Bateria de exames laboratoriais e de imagem busca antever e prevenir doenças
Avaliação leva em conta manifestações mais comuns nos jovens, como a acne; programa, contudo, não é unanimidade entre médicos
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A estudante angolana Gelcia
Dias Inaculo, 15, diz que nunca
passou por tantos exames na
vida. Ela, que veio com a família
de Angola para participar de
um check-up do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, diz que
acha importante monitorar a
saúde para evitar que alguma
doença a pegue de surpresa.
Essa é basicamente a idéia
dos programas de check-up para adolescentes que ganham espaço em hospitais. Com uma
bateria de exames de sangue, de
coração, coluna, doenças renais, de pele etc. os jovens são
examinados "de cima a baixo"
em busca de melhor acompanhar sua saúde, prevenir e detectar doenças em fase inicial.
O serviço, porém, não é unanimidade e é alvo de críticas.
No Sírio-Libanês, onde o
programa é oferecido desde
agosto, os jovens passam por
uma série de exames laboratoriais, de imagem e até um teste
de esforço, apontado como importante principalmente para
quem freqüenta academia.
O coordenador do núcleo de
cardiologista do hospital, Roberto Kalil Filho, diz haver pessoas que não precisam esperar
"os 50 anos" para um check-up.
"Se o paciente tem antecedentes familiares importantes,
como casos de infarto, deve fazer exames. Em casos de diabetes, hipertensão ou obesidade
também, para citar outros
exemplos. Há diretrizes médicas que, dependendo da história familiar, recomendam a dosagem de colesterol em crianças", afirma o médico.
Assim como já havia acontecido com executivos, praticantes de esportes e até em comunidades específicas de imigrantes, os adolescentes se tornaram mais um público a receber
um check-up personalizado.
O HCor (Hospital do Coração), zona sul de SP, passou a
oferecer o produto nos últimos
anos. A pediatra Cristiane Ximenes diz que o público jovem
veio ao hospital por meio dos
próprios executivos que já faziam o check-up. "Eles começaram a trazer os filhos para que
pudessem fazer também."
No hospital, onde o preço de
um check-up teen está em torno de R$ 2.000, há variações no
programa segundo a idade.
Um dos argumentos dos médicos favoráveis ao serviço é o
fato de o atendimento ser feito
por um hebiatra (especialidade
pediátrica que atende adolescente). A consulta clínica é o
ponto de partida para encaminhar o jovem a tratamentos específicos além do check-up.
Outro aspecto é o modo de vida do jovem de hoje. Segundo
Antonio Foronda, pediatra do
Sírio-Libanês -onde o pacote
custa R$ 1.600-, manifestações como o isolamento, o sobrepeso e o estresse são exemplos da importância de uma
prevenção e um acompanhamento adequados para evitar
problemas futuros.
Renato Bertolucci, clínico do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
(zona sul de SP), afirma que o
check-up teen não é novidade
nesse hospital. "Fazemos há
muitos anos, não sob a ótica do
check-up adolescente, mas de
europeus que vinham a um país
desconhecido e se preocupavam com a prevenção."
Críticas
O check-up para adolescentes enfrenta restrições. Para
Antônio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira
de Clínica Médica, o programa
serve para marcar "sim" ou
"não" em uma tabela.
"O adolescente precisa de um
clínico ou pediatra que conheça
o histórico de saúde do paciente e seu histórico familiar", diz
Lopes, segundo o qual a função
de hebiatra não é reconhecida
como especialidade médica.
O check-up é típico de hospitais particulares. Nos públicos,
os exames são mais pontuais.
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