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Osvaldo passou 11 dias preso
DA REPORTAGEM LOCAL
O auxiliar administrativo Osvaldo Ferreira dos Santos, 28, lavava aos mãos no Poupatempo da
Sé, no centro de São Paulo, depois
de tirar impressões digitais para
uma nova carteira de identidade
quando diz ter ouvido o aviso:
"Não adianta correr".
O alerta foi dado por um dos
homens que o cercaram e o algemaram a um pedaço de cano.
"Fui xingado de bandido sem nenhuma explicação", disse Santos.
Ficou 11 dias na cadeia até conseguir provar que uma outra pessoa
usou seus documentos, roubados
quatro anos antes, para cometer
os crimes de furto, roubo e porte
ilegal de arma.
Santos disse que chegou a receber tapas e chutes quando foi levado pela polícia para o 1º DP
(Sé). Mas o pior viria dois dias depois, quando foi levado para a
carceragem do 2º DP (Bom Retiro). O auxiliar administrativo
lembra que presos da cela onde
estava tentaram fugir.
O plano não deu certo. Na represália, mesmo sem participar
da tentativa de fuga, Santos disse
que foi obrigado a ficar nu enquanto recebia golpes nas costas e
baldes de água gelada.
No recurso à Justiça, a procuradora da PAJ Marilda Watanabe de
Mendonça conseguiu provar que
Santos teve a moto e os documentos roubados e que fez boletim de
ocorrência. O verdadeiro criminoso usou seus documentos para
cometer os crimes e depois fugiu
da penitenciária em Avaré.
Decisões de três juízes inocentaram Santos em 2001. Mas, apesar
disso, ele disse que também foi
ironizado na saída da cadeia por
policiais. "Ninguém me pediu
desculpas e ainda me disseram:
"Vai ladrão, pode sair, antes que
eu me arrependa", afirmou.
Na decisão, o juiz determina
que Santos seja retirado dos registros da polícia. Na última quarta-feira, a PAJ tirou a folha de antecedentes de Santos e teve uma surpresa. Os crimes estavam lá e ele
ainda consta como foragido.
"Isso nos deixou surpresos e
preocupados. É frustrante ver que
o nome dele ainda não está limpo
depois de tanto tempo", disse a
procuradora. Segundo ela, deve
ter havido um problema de comunicação entre a Justiça e o
IRGD. Parte do trabalho vai ter de
ser refeito.
Essa falha aumentou ainda mais
a preocupação de Santos, que evita andar sozinho e carrega no bolso cópia da decisão judicial desde
que foi solto. "Ainda tenho medo
de ser preso novamente", afirmou
Santos, que espera o resultado de
uma ação por danos morais que
moveu contra o Estado.
Apesar de ter a inocência comprovada, Santos disse que ainda
sofre preconceito. "Muitos não
acreditam que fui preso por engano e ainda me apontam como um
bandido."
(GP)
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