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SAÚDE
Primeiro ambulatório especializado do Brasil ajudará a entender doença que aumenta com a velhice
País passa a estudar osteoporose masculina
AURELIANO BIANCARELLI
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A osteoporose não é mais uma
doença exclusiva das mulheres.
Aliás, nunca foi. A diferença agora
é que acaba de ser criado no Rio o
primeiro Ambulatório de Osteoporose Masculina do país.
O objetivo será medir a incidência dessa doença entre os homens,
conhecer como ela evolui, saber
como preveni-la e como tratá-la.
Até agora, o tema sempre esteve
ligado às mulheres porque quase
30% delas manifestavam sinais da
doença num período muito curto
após a menopausa, quatro ou cinco anos após. Parte delas apresentava sintomas da osteoporose, outras tinham osteoponia, um estágio anterior da doença.
No caso dos homens, diferentemente, a doença só costuma aparecer, em geral, depois dos 60
anos. "Por volta dos 65 anos, o
número de homens com osteoporose já se equivale ao de mulheres", diz Salo Buksman, coordenador de projetos para idosos do
Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into) do Ministério da
Saúde, órgão que está abrindo o
ambulatório no Rio.
Estudos realizados em alguns
países do Primeiro Mundo mostram que 4% a 6% dos homens
apresentam a doença depois dos
50 anos. O ambulatório do Into
vai permitir que se tenha um número mais preciso para o Brasil.
A preocupação com os homens
se deve, especialmente, à gravidade das conseqüências. Apesar de
as mulheres sofrerem dois terços
de todas as fraturas de fêmur, a
mortalidade entre os homens é
maior. O risco de morrer no primeiro ano depois da fratura do fêmur é de 31% nos homens e de
17% nas mulheres.
Segundo Buksman, isso se deve
à imobilidade provocada pela fratura e que gera pneumonias mais
freqüentes entre os homens. Há
também as úlceras de pressão (as
escaras), o agravamento das
doenças cardiológicas, a depressão e a evolução mais rápida da
própria osteoporose.
As causas no homem
A osteoporose é uma perda de
cálcio no osso, alterando sua micro-estrutura e deixando-o mais
frágil. Choques de pequeno impacto, que nada causariam em
uma pessoa sadia, pode provocar
quebra de ossos em pacientes
com osteoporose. As fraturas
mais freqüentes ocorrem no quadril, na coluna e no punho.
Na mulher, a osteoporose se
instala com mais freqüência assim que seu organismo deixa de
produzir hormônios. A terapia de
reposição hormonal (TRH), que
representava uma ajuda importante para evitar a doença, passou
a ser questionada depois que estudos relacionaram seu uso ao câncer de mama e do colo do útero.
No homem, a produção de hormônio cai lentamente, pois as
causas da osteoporose são secundárias, como explica Henrique
Carriço da Silva, da clínica de reumatologia da Santa Casa e do grupo de osteoporose da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo). Segundo ele, no homem a
osteoporose ocorre pelo processo
de envelhecimento e atinge mais
os fumantes, aqueles que bebem
com freqüência, os que tomaram
cortisona por longos períodos.
Certos tipo de câncer também podem favorecer a doença.
Como prevenir e tratar
Para quem já está com a doença,
a medicina oferece hoje medicamentos anti-reabsorvíveis e bi-fosfonatos, drogas que interrompem a perda de massa óssea. Novos medicamentos, que poderão
ser tomados uma vez ao mês, já
estão sendo testados e devem chegar ao mercado em alguns meses.
Para quem ainda não tem a
doença, os médicos sugerem exames de densiotometria óssea a
partir dos 50, que serão repetidos
em intervalos de dois a quatro
anos, dependendo do histórico e
do perfil da pessoa.
O mais importante, avisam os
médicos, é uma vida de atividades
físicas iniciada já na adolescência.
Até os 20 anos, os jovens estariam
formando a massa óssea, por isso
sol e exercícios são importantes.
Também devem tomar pelo menos três copos de leite ou comer
três pedaços de queijo por dia,
fornecendo ao organismo o cálcio
que necessita. Com a idade, poderá substituir o leite por cápsulas à
base de cálcio com vitamina D,
mas os exercícios devem ser mantidos em todas as idades.
O Ambulatório de Osteoporose
Masculina do Into vai atender todos os homens acima de 50 anos,
independentemente de ter ou não
a doença. "A intenção é fazer um
acompanhamento de forma a
ampliar nossos conhecimentos
sobre a doença", diz Buksman.
Carriço da Silva lembra que todos os grandes hospitais possuem
ambulatórios de osteoporose que
atendem homens e mulheres.
Interessados podem se informar pelo telefone 0/xx/21/ 3852-7772, ramal 135
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