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EDUCAÇÃO
Estado tomou decisão independentemente do MEC; RS é favorável à implantação, mas não imediatamente
MG ampliará ensino fundamental em 2004
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
E EM PORTO ALEGRE
O Estado de Minas Gerais vai
implantar a partir do próximo
ano o ensino fundamental com
nove anos de duração nas escolas
estaduais, passando a receber formalmente as crianças de seis anos
de idade.
Essa alteração segue orientação
do Ministério da Educação, embora a decisão em Minas tenha sido tomada independentemente
da proposta do MEC.
"Há uma coincidência muito feliz para Minas porque a decisão
de implementar esse ensino ocorre no momento em que o Ministério da Educação também se compromete com essa política", disse
a secretária da Educação, Vanessa
Guimarães.
Estima-se que só na rede estadual entrarão no ensino fundamental 120 mil crianças. Há ainda
os municípios que podem aderir.
O custo do Estado será de R$ 50
milhões, mas somente em 2005
esse recurso será coberto pelo
Fundef (fundo do ensino fundamental repassado pela União), segundo a secretária.
Em Minas Gerais, as prefeituras
de Belo Horizonte e de Ipatinga já
adotam o ensino fundamental
ampliado.
A adoção dessa nova política,
disse a secretária, significa "enfrentar a tragédia nacional" no
ensino fundamental brasileiro
-59% das crianças na 4ª série
não sabem ler ou lêem mal, exemplificou ela.
"Temos que tomar medidas
muito fortes e estratégias pesadas
para encarar o problema da alfabetização nos três primeiros anos.
Essa fase é definidora da vida escolar da criança", afirmou.
Preparação
Para ampliar de oito para nove
anos o ensino fundamental, os
professores do primeiro ciclo de
alfabetização, que compreende as
três primeiras séries, já estão sendo preparados.
Para outubro deste ano, está
programado um congresso que
reunirá todos eles.
Além da formação teórica e prática, faz parte do programa de
preparação da secretaria a concessão de estímulos financeiros
aos professores, por meio do plano de carreira, e às escolas que alcançarem as metas de desempenho por avaliação externa.
"Você tem de, coletivamente,
estimular um grupo que está se
esforçando. Isso tem a ver com
motivação, dedicação, esforço e
competência. Já investimos milhões em formação de professores
e os resultados são cada vez piores. Acho que é porque não fechou o ciclo", disse.
Rio Grande do Sul
O secretário da Educação do Rio
Grande do Sul, José Fortunati,
manifestou-se ontem a favor do
aumento no período dos ensinos
fundamental e médio, mas não
imediatamente.
Antes disso, devem ser resolvidos ""três gargalos": evasão escolar, baixa quantidade e pouca
qualidade dos professores.
""Em tese, é positivo, porque reforça a permanência do jovem na
escola. Mas, antes de aumentar os
anos, temos de resolver problemas no ensino médio. Não adianta projetarmos um ano a mais
tendo esses problemas", afirma o
secretário José Fortunati, que não
sabe avaliar em números o desperdício que a medida traria ao
Estado.
Outro problema é o número de
vagas nas escolas. A demanda, de
acordo com o secretário, já aumentou, e o próximo ano poderá
ser crítico.
Justamente em uma escola estadual de Porto Alegre, localizada
na periferia (a Vila Divinéia), há
uma espécie de ""laboratório",
com resultados positivos na inclusão de conteúdo do ensino
fundamental na pré-escola.
A professora Maria Alice Dias,
51, coloca na pré-escola ""as condições de alfabetização que as crianças não têm em casa".
Resultado: muitas das crianças
que passam para o ensino fundamental na escola estadual Léa Rosa Cecchini Brum já sabem ler e
escrever apesar da falta de exemplo doméstico.
(PAULO PEIXOTO E LÉO GERCHMANN)
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