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ENSINO SUPERIOR
No próximo ano, sistema de avaliação deve ser reformulado
463 mil alunos fazem hoje último provão "tradicional"
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 463 mil candidatos farão hoje o último Exame Nacional
de Cursos no formato em que é
aplicado desde 1996 e que atualmente está desacreditado até
mesmo pelo instituto responsável
por sua elaboração. O provão, como é conhecido, é obrigatório para todos os estudantes do último
ano de 26 carreiras para que possam obter o diploma.
A partir de 2004, o sistema de
avaliação do ensino superior, que
inclui outros mecanismos de avaliação como a ACE (Avaliação das
Condições de Ensino) e o Censo
da Educação Superior, deve ser
reformulado. Uma comissão do
Ministério da Educação analisa a
questão e deve encaminhar proposta até agosto. "O ministro
[Cristovam Buarque] deixou claro que, nesses moldes, é o último
provão", disse Otaviano Helene,
presidente do Instituto Nacional
de Pesquisas Educacionais, órgão
responsável pelo provão.
Segundo ele, um dos problemas
é o sistema de conceitos, em que
se calcula a posição de uma instituição em função das notas obtidas pelas demais. "Isso faz com
que o A e o B não signifiquem necessariamente bons cursos e que o
D e o E não sejam cursos ruins."
Outro problema apontado por
Helene são as distorções que um
exame baseado nas notas de alunos traz. "Há instituições que seguram alunos com dependências
e não os inscrevem no exame, dão
prêmios e fazem cursinhos específicos para a prova, além dos boicotes", afirmou.
José Dias Sobrinho, presidente
da comissão que estuda mudanças no sistema, acredita que o exame não possibilita tirar conclusões sobre a qualidade da instituição. "Não se pode falar da qualidade de um curso por meio do resultado obtido pelos alunos, especialmente quando é em cima de
uma única prova", disse.
Um dos problemas apontado
por Felipe Maia, presidente da
UNE, é a falta de integração entre
o provão e os outros mecanismos
de avaliação. "Hoje, as coisas estão separadas. Tem o provão, que
determina um conceito, a ACE,
produz outro, o censo, outro. Não
há um programa que ligue essas
coisas", disse ele. Como acontece
todos os anos, a UNE indica aos
estudantes boicotarem a prova.
Segundo ele, caso venha a fazer
parte de um "novo contexto", a
UNE pode vir a ser a favor de um
exame de fim de curso. "Por princípio, não somos contra avaliar."
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